Economia
Mesmo com Dia das Mães, vendas do varejo caíram 1% em maio
As vendas de presentes no Dia das Mães não foram suficientes para que o comércio varejista encerrasse maio no azul. O volume vendido pelo setor recuou 1% em relação a abril, o pior resultado para o mês desde 2018, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio divulgados ontem pelo IBGE.
A retração veio pior do que as estimativas mais pessimistas de analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast, que esperavam desde uma queda de 0,8% até uma alta de 0,7%, com mediana negativa de 0,2%.
Segundo Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE, entre os fatores que explicam um Dia das Mães mais fraco este ano está a taxa de juros em patamar elevado, que levou a uma redução na concessão de crédito para pessoas físicas.
“A divulgação ficou abaixo da expectativa e reforça desaceleração mais forte nos setores mais sensíveis a juros”, apontou o economista Rafael Rondinelli, do Banco Modal.
Já na avaliação do Bradesco, a perda de força mostrada pelo comércio é compatível com o processo de acomodação do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, com uma alta prevista de 0,3% -- após o avanço de 1,9% nos primeiros três meses do ano. O banco Goldman Sachs acredita que as vendas do varejo devem se beneficiar nos próximos meses de estímulos fiscais do governo federal, além da expansão da renda real do trabalhador, do processo de desinflação e dos bons resultados da renda agropecuária.
“No entanto, o enfraquecimento do impulso da reabertura econômica, condições monetárias e financeiras domésticas apertadas, altos níveis de endividamento das famílias e a confiança fraca do consumidor e das empresas podem gerar ventos contrários à atividade de varejo e serviços nos próximos meses”, escreveu em relatório o diretor de pesquisa macroeconômica para a América Latina do banco, Alberto Ramos.
Supermercados
A queda de 3,2% na venda dos supermercados em maio ante abril puxou a retração no volume vendido pelo varejo no período, mas houve perdas também em segmentos que costumam se beneficiar da compra de presentes para o Dia das Mães, como vestuário e calçados (-3,3%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,3%, segmento que inclui as lojas de departamento) e móveis e eletrodomésticos (-0,7%).
Na direção oposta, as quatro atividades com expansão em maio ante abril foram farmacêuticos e perfumaria (2,3%), livros e papelaria (1,7%), combustíveis (1,4%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (1,1%). (Estadão Conteúdo)