Economia
Concessionárias pedem pressa ao governo
Consumidor aguarda corte de impostos para comprar veículo
As vendas de veículos novos terminaram o mês passado marcando queda de 5,6% frente a maio de 2022, com os consumidores aguardando o corte de impostos federais prometido pelo governo para realizar as compras. No total, 176,5 mil veículos foram comercializados em maio, entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus.
O balanço foi divulgado ontem pela Fenabrave, a associação das concessionárias de automóveis, que aproveitou também para cobrar pressa do governo no lançamento do programa que prevê descontos de 1,5% a 10,96% nos preços de carros que custam até R$ 120 mil.
O presidente da Fenabrave, José Mauricio Andreta Jr., relata ter recebido ligações de concessionários alegando paralisação nas vendas, já que o consumidor está em compasso de espera.
“Essa é uma situação muito difícil, pois, além das metas, estabelecidas pelas montadoras, as concessionárias têm compromisso com mais de 310 mil colaboradores diretos”, comentou o executivo. “Precisamos, urgentemente, que as medidas do governo sejam implantadas”, acrescentou.
Na comparação com abril, houve crescimento de 9,8% das vendas de veículos, mas a variação positiva se deve aos quatro dias úteis a mais de maio. A média diária, de 8 mil veículos na soma de todas as categorias, aponta retração de 10,1% no ritmo de vendas de um mês para o outro.
Uma semana após o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, avisar que o governo anunciaria medidas para o setor, os emplacamentos de carros chegaram a recuar, no dia 22, uma segunda-feira, para menos de 6 mil unidades. Três dias depois, no Dia da Indústria, Alckmin confirmou que os carros que custam até R$ 120 mil terão descontos de até 10,96%.
Porém, dada a defasagem entre o momento de compra e a entrega dos automóveis, a Fenabrave diz que a maior retração de volume deve ser sentida nos primeiros dias de junho.
Novo formato
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mudou o formato da proposta do governo anunciada por Alckmin. Segundo pessoas envolvidas na discussão em Brasília, em vez dos descontos de 1,5% a 10,96% sobre impostos, seriam oferecidos bônus de R$ 2 mil a R$ 8 mil em modelos que custem, atualmente, até R$ 120 mil.
Com a mudança, o valor do bônus será aplicado na Nota Fiscal ao consumidor e compensado depois pelas montadoras no recolhimento dos tributos. O modelo não mexeria, portanto, na tributação, pois o desconto não seria aplicado diretamente sobre o imposto, mas sobre o valor do automóvel. Mesmo assim, o valor ainda precisaria de uma compensação, ainda não definida. (Estadão Conteúdo e Redação)