Economia
Produção industrial sobe 1,1% em março, diz IBGE
Desempenho do setor anulou perdas nos dois meses anteriores
A indústria brasileira voltou ao azul em março. A produção cresceu 1,1% ante fevereiro, superando a perda de 0,5% acumulada nos dois meses anteriores, segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal -- Produção Física, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “É o melhor mês de março desde 2013, quando havia crescido 1,8%”, observou André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE.
Na comparação com março de 2022, a produção industrial teve alta de 0,9%, embora Macedo ressalte que este ano março teve um dia útil a mais. Já em relação ao primeiro trimestre de 2022, houve queda de 0,4% nos primeiros três anos de 2023.
“Mesmo com o crescimento observado no mês de março, o patamar da indústria permanece abaixo de resultados históricos recentes”, ponderou Macedo, citando que o setor opera em nível semelhante ao de janeiro e fevereiro de 2009.
Segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), os dados mostram uma melhora recente nos componentes relacionados à incerteza, maior resiliência da renda das famílias e a normalização na cadeia global de insumos. “Por outro lado, a piora das condições financeiras predomina pelo lado negativo e deve continuar pesando sobre o setor”, previu a entidade, em nota em que aponta “o alto patamar dos juros domésticos e internacionais” como causador do problema.
O avanço da produção industrial em março foi um repique pontual, opinou o economista Carlos Lopes, do Banco BV. “Ainda vemos uma desaceleração da indústria para o restante do ano, diante das condições financeiras mais restritas e dos juros altos. A tendência é de queda, mesmo que moderada ou pequena, da produção industrial no ano”, disse o economista, que prevê recuo de 0,6% para o setor em 2023.
Na passagem de fevereiro para março, houve expansão em 16 dos 25 ramos industriais pesquisados. As principais influências positivas partiram de derivados do petróleo (1,7%), máquinas e equipamentos (5,1%) e equipamentos de informática (6,7%). Outros aumentos relevantes ocorreram em farmoquímicos e farmacêuticos (3,2%), outros equipamentos de transporte (4,8%), produtos químicos (0,6%), couro e calçados (2,8%) e produtos de minerais não metálicos (1,2%).
O setor de veículos também contribuiu para a melhora em março, com avanço de 0,2% em relação a fevereiro. “Paralisações na indústria automobilística permanecem, tendo como pano de fundo uma necessidade de as montadoras adequarem sua produção à demanda”, disse Macedo.
Na direção oposta, a perda mais importante ocorreu em vestuário e acessórios (-4,7%), após três meses consecutivos de crescimento. Houve recuos também em móveis (-4,3%) e produtos de metal (-1%). (Estadão Conteúdo)