Economia
Ucrânia e Polônia chegam a acordo para resolver tensão por cereais
A Ucrânia vai deixar de exportar cereais e oleaginosas para a Polônia, diante da desestabilização do mercado polonês provocada pela enorme chegada de grãos do seu vizinho, informaram os ministérios da Agricultura dos dois países na sexta-feira (7). O acordo inclui a exportação desses produtos para terceiros via Polônia.
Devido ao bloqueio de seus portos no Mar Negro, desde o início da invasão russa, a Ucrânia teve que buscar vias alternativas para a exportação de seus produtos agrícolas.
Porém, por problemas logísticos, o produto ficou preso nos celeiros poloneses e de outros países, provocando a queda dos preços e protestos que levaram à renúncia do ministro da Agricultura polonês na quarta-feira (5).
‘A parte ucraniana deixará, até a próxima safra, de exportar [para a Polônia] trigo, milho, canola e sementes de girassol‘, indicou o novo ministro Robert Telus.
Seu par ucraniano, Mycola Solsky, anunciou que os dois países irão elaborar, na próxima semana, mecanismos para ‘limitar as exportações, que apenas poderão ser realizadas com a concordância prévia da parte polonesa‘.
Em 31 de março, cinco países da Europa central - Polônia, Eslováquia, Hungria, Romênia e Bulgária - pediram para a Comissão Europeia conceder ajudas suplementares aos agricultores dos países mais afetados pelas importações provenientes da Ucrânia.
Reação russa
O chefe da diplomacia da Rússia, Serguei Lavrov, ameaçou, na sexta-feira (7), em Ancara suspender o acordo de exportação de cereais ucranianos através do Mar Negro, caso prossigam os obstáculos à venda de produtos agrícolas russos.
O acordo, negociado em julho do ano passado com a mediação da Turquia e das Nações Unidas, é crucial para a segurança alimentar mundial.
‘Se não acontecer nenhum avanço na retirada dos obstáculos às exportações de fertilizantes e cereais russos, então perguntaremos se este acordo é necessário‘, ameaçou Lavrov após uma reunião com o ministro turco das Relações Exteriores, Mevlüt Cavusoglu.
O pacto, que permitiu exportar mais de 25 milhões de toneladas de cereais, foi prorrogado em 19 de março.
Moscou, no entanto, propôs que o texto fosse prorrogado por 60 dias e não por 120, como foi inicialmente estabelecido de maneira tácita.
O Kremlin considera que a parte do acordo que deve permitir a exportação de seus alimentos e fertilizantes não é respeitada.
Em tese, os produtos essenciais para a agricultura mundial não podem ser objeto das sanções ocidentais impostas a Moscou pela invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, mas na prática as exportações enfrentam uma série de obstáculos por parte dos bancos.
Lavrov também denunciou a desigualdade das exportações ucranianas entre países ricos e pobres. De acordo com o Centro de Coordenação Conjunto, responsável por monitorar o acordo, 56% das exportações foram destinadas aos países em desenvolvimento e 5,7% aos países menos avançados, que têm mais de 12% da população mundial.
O chanceler russo advertiu que negociar a paz na Ucrânia só será possível com o estabelecimento de uma ‘nova ordem mundial‘, livre do domínio dos Estados Unidos.
‘As negociações só podem acontecer se os interesses russos forem levados em consideração‘, declarou Lavrov, antes de destacar que estes serão ‘os princípios sobre os quais uma nova ordem mundial será fundada‘. (AFP)
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