Economia
Com foco na Selic, Bolsa fica abaixo de 98 mil pontos
Presidente Lula disse que decisão do BC será julgada pela história
Após ter estacionado no nível de 100 mil pontos nas três sessões anteriores, o Ibovespa tomou ontem o elevador e desceu quatro andares, em sentido contrário ao de Nova York. Ao fim, a referência da B3 mostrava queda de 2,29%, aos 97.926,34 pontos. O nível foi o menor desde 18 de julho, então aos 96.916,13 pontos. Em porcentual, foi a maior perda para o índice da B3 desde o tombo de 3,06% na abertura do ano, no dia 2 de janeiro.
“A manutenção da Selic já era esperada, mas o que causou aversão a risco foi o comunicado, o tom mais conservador do Copom, na medida em que havia certo otimismo: uma expectativa de que o BC poderia dar indicação quanto à possibilidade de antecipar o ciclo de redução da taxa de juros, até pelos problemas no sistema bancário dos Estados Unidos, que resultaram em tom mais leve na comunicação do Federal Reserve, na decisão sobre juros por lá‘, observa Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos.
O governo tem se posicionado contra o tom ainda mais firme adotado pelo Copom, sob fogo cerrado praticamente desde o início do terceiro mandato do presidente Lula.
Ontem, Lula disse que a decisão do BC, sem “explicação nenhuma no mundo”, será julgada pela História. E sugeriu que o Senado precisa “cuidar” de Campos Neto -- o que pode ser interpretado, no limite, como referência velada a uma das atribuições de senadores, a de votar pelo afastamento inclusive de autoridade monetária, caso entendam que não está cumprindo seu papel.
O dólar encerrou a sessão em alta de 1,01%, cotado a R$ 5,2900, na contramão da onda de enfraquecimento da moeda americana em relação a divisas emergentes e de exportadores de commodities, após o Federal Reserve ter dado sinais na quarta-feira de fim iminente do processo de alta do juros nos Estados Unidos. Analistas atribuíram a derrocada da moeda brasileira ao aumento da percepção de risco fiscal e político local. (Estadão Conteúdo e Redação)