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Economia

Mercado prevê manutenção dos juros básicos em 13,75%

Alguns analistas acreditam que a queda da Selic pode acontecer só em 2024

21 de Março de 2023 às 23:01
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Reunião do Copom se encerra hoje com definição sobre taxa
Reunião do Copom se encerra hoje com definição sobre taxa (Crédito: MARCELLO CASAL JR. / ARQUIVO AGÊNCIA BRASIL)

O Banco Central vem sofrendo grande pressão, do governo e também de alguns setores da economia, para começar a reduzir a taxa Selic, hoje em 13,75% ao ano. Mas, pelo menos para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que começou ontem e termina hoje, a taxa deve permanecer como está, na visão dos analistas do mercado financeiro.

Essa projeção foi unânime entre as 45 instituições ouvidas pelo Projeções Broadcast. Além disso, a maior parte delas (24) projeta o início dos cortes para o segundo semestre, seis acreditam que essa redução nos juros pode começar ainda neste primeiro semestre e outras 15 acreditam que esse ciclo de baixa só tenha início em 2024. A mediana de todas as projeções aponta que a Selic deve terminar este ano em 12,5%, chegando a 10,25 no fim de 2024 e a 9% em 2025.

Carlos Lopes, economista do Banco BV, projeta o início dos cortes da Selic no terceiro trimestre, levando o juro a 12% no fim do ano. Para ele, o cenário de inflação atual não permite que o Copom comece -- ou mesmo sinalize -- reduções nas duas próximas reuniões.

“Os núcleos (de inflação) seguem altos, com destaque para a inflação de serviços. Apesar da desaceleração do crédito, o mercado de trabalho ainda aquecido e o crescimento da renda têm ajudado a sustentar esses preços”, diz. Para Lopes, a perspectiva inflacionária poderia inclusive postergar o início dos cortes, mas a incerteza com sistema bancário no exterior “equilibrou” esse risco.

Ele pondera, contudo, que a crise dos bancos ainda está no início e que seria arriscado o BC alterar sua estratégia em cima de algo que não se caracterizou, por enquanto, como um problema para a atividade econômica. O tema, porém, deve ser reconhecido nas próximas comunicações da autarquia, avalia Lopes.

O economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso, manteve a expectativa de redução da taxa Selic apenas a partir do quarto trimestre, para 13% no fim de 2023. Apesar do aperto nas condições de crédito com a crise da Americanas e da incerteza em torno do sistema bancário internacional, o analista argumenta que não há evidências de um “credit crunch” (a diminuição drástica na oferta de crédito) no Brasil.

O economista-chefe da Quantitas, Ivo Chermont, por sua vez, espera início dos cortes da Selic apenas em janeiro de 2024. “A inflação não está cedendo, o PIB está meio ‘paradão’ e as expectativas estão piorando. Não se veem motivos para uma queda dos juros ao longo deste ano”, argumenta.

Lula

Na véspera da decisão do Copom sobre a Selic, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, ontem, que continuará pressionando o Banco Central para que reduza a taxa que serve de referência para empréstimos.

“Vou continuar batendo, vou continuar tentando brigar para que a gente possa reduzir a taxa de juros”, disse. “Uma coisa que eu acho um absurdo é a taxa de juro estar a 13,75%, num momento em que a gente tem o juro mais alto do mundo, num momento em que não existe uma crise de demanda, não existe excesso de demanda.” (Estadão Conteúdo e Redação)