Economia
Mineradora vai produzir lítio para baterias em MG
Sigma pretende extrair 766 mil toneladas por ano no Vale do Jequitinhonha
Uma mineradora criada no Canadá, mas comandada por brasileiros, vai colocar o Brasil definitivamente no mapa do cobiçado segmento de baterias para carros elétricos. Em abril, a Sigma Lithium começa a produzir comercialmente em Minas Gerais lítio de alto grau de pureza, insumo crucial para a produção das baterias. Atualmente, apenas outras quatro empresas no mundo produzem esse mineral.
Instalada no Vale do Jequitinhonha, no norte de Minas, a Sigma Lithium tem entre seus dirigentes a copresidente Ana Cabral-Gardner -- que ficou conhecida como “CEO hippie” por defender, no início do projeto, há sete anos, uma produção mais sustentável, respeitando parâmetros ambientais, o que vem trazendo sucessivos ganhos para a companhia.
A forte demanda global pelo lítio com alto grau de pureza colocou a Sigma nos holofotes, despertando o interesse da Tesla, do bilionário Elon Musk. Segundo agências internacionais de notícias, a empresa estuda fazer uma proposta pela mineradora brasileira.
O cenário favorável também levou a mineradora a ficar na primeira colocação do ranking Venture 50 na Bolsa de Toronto no início deste ano.
O projeto da canadense fica entre os municípios de Araçuaí e Itinga, no Vale do Jequitinhonha, no norte de Minas Gerais. O maior investidor da mineradora é um fundo brasileiro de private equity chamado A10 Investimentos, que detém 46% da empresa.
No final do ano passado, Ana Cabral-Gardner informou que o empreendimento já teve parte da produção vendida e se preparava para uma expansão, que vai triplicar o valor do investimento iniciado há sete anos. Em meados de fevereiro, a Sigma anunciou a aprovação de uma ampliação de 270 mil toneladas para 766 mil toneladas anuais.
A executiva adiantou que um dos contratos é com um dos maiores produtores de baterias avançadas do mundo, a LG, que fabricará seus produtos em duas unidades no hemisfério norte: uma joint venture com a GM chamada Ultium e outra com a Stellantis. A LG também fornece baterias para os carros elétricos da Tesla, Volkswagen, Audi e Porsche.
Atualmente, a Sigma detém 27 direitos minerais no Brasil, em quatro propriedades espalhadas por 19 mil hectares. O foco no momento é a Grota do Cirilo, adjacente ao rio Jequitinhonha, de onde retira água, e a 50 quilômetros da usina hidrelétrica de Irapé, que fornece a energia do projeto. O empreendimento tem acesso ao Porto de Ilhéus, na Bahia, facilitando o embarque para Ásia, Europa e América do Norte.
Ao todo, foi investido R$ 1,2 bilhão na construção da unidade, sendo R$ 715 milhões para tornar o processo sustentável.
O apelido de “CEO hippie” de Ana Cabral veio no início da criação da companhia. O motivo foi o fato de a executiva ter aberto mão do equivalente a R$ 3 bilhões ao deixar de explorar 25% de uma mina de lítio para preservar a água das comunidades próximas, que utilizam o ribeirão Piauí. A empresa optou por utilizar a água do rio Jequitinhonha, que chega à região altamente poluído. Para operar, a unidade da empresa conta com um sistema de tratamento. (Estadão Conteúdo e Redação)