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Economia

Americanas pagam à vista 13 milhões de ovos de Páscoa

Varejista, que está em recuperação judicial, negociou com fabricantes

13 de Fevereiro de 2023 às 23:01
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Grandes fornecedores exigiram pagamento antecipado
Grandes fornecedores exigiram pagamento antecipado (Crédito: PEDRO HENRIQUE NEGRÃO / ARQUIVO JCS (11/2/2021))

As compras de Páscoa das empresas de varejo são negociadas ao longo dos 12 meses que antecedem a data comemorativa, mas os pedidos são fechados no primeiro trimestre do ano. Quando o rombo contábil de R$ 20 bilhões e a consequente recuperação judicial da Americanas vieram a público, o diretor comercial da companhia, Aleksandro Pereira, se viu em uma situação inédita.

Ele tinha acordos fechados há cerca de um ano com o fabricante da marca própria de ovos de Páscoa da empresa, além de volumes e preços acordados com indústrias fornecedoras desde novembro. Mas os pedidos ainda não haviam sido emitidos. Foram 15 dias de negociação em que a varejista lutou para manter os volumes combinados.

Entre concessões e resistências, a empresa conseguiu, com pagamentos à vista e antecipados, garantir a compra de 13 milhões de ovos de Páscoa (ovos e produtos temáticos de chocolate). Em uma situação normal, os pagamentos seriam feitos com prazos de 15 dias a um mês após o feriado cristão. Com o volume adquirido, a expectativa da empresa é ter alta no faturamento sobre a mesma data de 2022. A companhia não abre, porém, de quanto foi esse faturamento.

“Temos marcas próprias (de ovos), especialmente as licenciadas -- voltadas para crianças --, que são desenvolvidas sempre com um ano de antecedência. Nas demais indústrias, viemos conversando ao longo do ano e chegamos a um volume e custo em novembro e dezembro. Já estava tudo fechado, mas não havia começado a emissão e o recebimento de pedidos”, conta Pereira.

Ele diz que o principal entrave era o prazo de pagamento. Grandes fornecedoras estão na lista de credores da recuperação judicial da companhia. São R$ 240 milhões em dívidas com a Nestlé, e R$ 14,8 milhões com a Ferrero Rocher, por exemplo. “Foram duas semanas de conversas intensas. Foi como negociar com alguém que estava chateado”, conta Pereira.

Demissões

As Americanas se comprometeram a não fazer demissões em massa até a data da apresentação do plano de recuperação, marcada para 20 de março, de acordo com o Sindicato dos Comerciários do Rio. Advogados da varejista, representantes dos trabalhadores e membros do Ministério do Trabalho realizaram, na sexta-feira, uma rodada de negociações, mediada pela Procuradoria Geral do Trabalho. São cerca de 40 mil empregados e gera perto de 60 mil empregos indiretos.

A varejista deve pelo menos R$ 875 milhões, num cálculo inicial, para mais de 6 mil micro, pequenas e médias empresas que eram fornecedoras de produtos ou serviços. Sem receber as dívidas e com o caixa desfalcado pela inadimplência, algumas já começam a reduzir produção e a fazer cortes no quadro de funcionários. (Estadão Conteúdo)