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Comitê de Política Monetária mantém Selic em 13,75% ao ano

Para o Banco Central, decisão reflete "incerteza de cenários"

02 de Fevereiro de 2023 às 00:07
Cruzeiro do Sul [email protected]
É a quarta vez seguida que o BC não altera a taxa de juros
É a quarta vez seguida que o BC não altera a taxa de juros (Crédito: AGÊNCIA BRASIL)

Entre o rápido distanciamento das expectativas de inflação da meta e as críticas do governo ao choque de juros, o Banco Central escolheu seguir o plano de voo original e manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano pela quarta vez seguida no Comitê de Política Monetária (Copom).

A decisão inaugural de 2023 era consenso no mercado diante da estratégia anunciada pelo Copom, de estabilidade da taxa neste patamar por um período “suficientemente prolongado” e mantém a Selic no maior nível desde janeiro de 2017. Conforme pesquisa do Projeções Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, todas as 50 instituições financeiras consultadas esperavam a estabilidade dos juros básicos em 13,75% ao ano.

Ao justificar a decisão tomada ontem (1º), o BC afirmou que a decisão “reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos de 2023 e, em grau maior, de 2024”. O BC avaliou ainda que, “sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”.

Apesar da autonomia formal do Banco Central, que mantém a mesma composição na diretoria do órgão, a autoridade monetária virou assunto rapidamente no começo do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Além das críticas do presidente e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aos juros elevados, houve também questionamento de Lula à necessidade da independência na lei e ao nível da meta de inflação.

Somados aos temores com a sustentabilidade fiscal, após a expansão de gastos de R$ 145 bilhões aprovada na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, as cutucadas do governo no BC provocaram um forte desvio das expectativas de inflação para 2023 e 2024, mas também para prazos de 2025 e 2026, fora do horizonte relevante do Copom.

Inflação

No comunicado, o BC também atualizou suas próprias projeções para a inflação. No cenário de referência, que utiliza câmbio variando conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC) e juros do Relatório de Mercado Focus, o BC alterou a projeção do IPCA de 2023 de 5,0% para 5,6%. Para 2024, que passou a ter mais peso no horizonte relevante, a atualização foi de 3,0% para 3,4%.

Mesmo com a estabilidade da taxa Selic pela quarta reunião consecutiva, o Brasil continua a ter a maior taxa de juro real (descontada a inflação) do mundo, em uma lista com 40 economias. Cálculos do site MoneYou e da Infinity Asset Management indicam que o juro real brasileiro está agora em 7,38% ao ano. (Estadão Conteúdo)