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Deutsche Bank aparece em lista de credores da Americanas

Deutsche Bank aparece em lista de credores da Americanas por títulos no exterior como fiduciário

26 de Janeiro de 2023 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Como fiduciário, o Deutsche apenas mantém o título de dívida em seu poder
Como fiduciário, o Deutsche apenas mantém o título de dívida em seu poder (Crédito: Reprodução)

Uma das maiores surpresas da lista de credores da Americanas foi o Deutsche Bank, que aparece como o maior deles, com US$ 1 bilhão, o equivalente a R$ 5,2 bilhões. O banco alemão, porém, não tem exposição direta de crédito à varejista brasileira, segundo comunicado.

‘O Deutsche Bank não foi afetado, pois não tem relação de empréstimo nem qualquer exposição de crédito à empresa em questão‘, afirmou, em nota, o banco.

Na verdade, o Deutsche atua como agente fiduciário (trustee) de dois títulos de dívida (bonds) que a Americanas emitiu no exterior no segundo semestre, de US$ 500 milhões cada, de acordo com uma fonte.

Como fiduciário, o Deutsche apenas mantém o título de dívida em seu poder, mas na verdade os papéis são dos investidores que compraram os bonds na emissão externa.

Os detentores desses títulos, aliás, estão organizando, em Nova York, um grupo de credores para participar das conversas na recuperação judicial da Americanas.

A ideia é se juntar com investidores brasileiros detentores de debêntures para conseguir maior poder de decisão nas negociações. Juntos, eles possuem perto de R$ 16 bilhões em créditos na Americanas.

Na lista de credores, estão as duas subsidiárias da Americanas sediadas no exterior que fizeram a emissão dos bonds em 2020.

A JSM Global aparece com R$ 3,5 bilhões em crédito com a rede de varejo. A JSM foi a emissora do bonds de US$ 500 milhões, com vencimento em 2030. O outro emissor foi a B2W, que aparece na lista com R$ 3,2 bilhões.

Desde a descoberta do rombo de R$ 20 bilhões, os bonds da Americanas despencaram mais de 80% no mercado internacional, chegando a ser negociados a menos de US$ 0,10 na última sexta-feira. Nesta quarta-feira, apresentam uma recuperação, em US$ 0,145.

Batalha judicial

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou prazo de cinco dias para que a Americanas apresente uma série de documentos sobre sua situação financeira nos últimos cinco anos. A decisão veio em ação protocolada pelo Itaú Unibanco, que havia pedido um prazo menor, de 48 horas, para que a companhia fornecesse os documentos e informações.

O pedido de urgência do banco foi negado, e determinou-se que a Americanas tenha direito a defesa.

No entanto, a Justiça paulista atendeu o pedido do Itaú para que a companhia forneça demonstrações financeiras das empresas do grupo, balanços, balancetes, livros fiscais, e relatórios de auditoria dos últimos cinco anos.

A Americanas também terá de enviar à Justiça cópias de todos os e-mails trocados por Miguel Gutierrez, ex-CEO da Americanas, e Fábio Abrate, ex-CFO, nos últimos cinco anos, e que tratem do endividamento da companhia ou de suas demonstrações contábeis.

O TJ-SP negou o pedido do Itaú para que ‘controladores e outros executivos ligados à gestão da Americanas‘ fossem ouvidos.

Por outro lado, considerou correto o ajuizamento do processo em São Paulo, e não no Rio de Janeiro, onde tramita a recuperação judicial da varejista, porque os contratos entre banco e companhia têm São Paulo como foro de eventuais ações. (Estadão Conteúdo)