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Pela independência

Roberto Campos Neto defende a autonomia do Banco Central

O presidente do BC citou o exemplo do Peru, que tem passado por distúrbios sociais e trocas de governo sem que o seu banco central tenha sido afetado

20 de Janeiro de 2023 às 00:41
Cruzeiro do Sul [email protected]
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto (Crédito: José Cruz/Agência Brasil)

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse ontem (19) que a independência do BC formalizada em lei ajuda a diminuir a volatilidade do mercado. Ele lembrou que a independência foi votada pelo Congresso e chancelada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em entrevista à Globonews, na quarta-feira (18), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), criticou a autonomia -- classificando-a de “bobagem” -- e a política de juros do banco.

“Eu acho que em muitas entrevistas as coisas são tiradas de contexto. De um lado, Lula se orgulha de Henrique Meirelles ter sido independente no BC, e de outro diz que acha que não precisa da lei, porque ele garante a independência sem lei. Mas, olhando para o Brasil, vemos que o mercado seria muito mais volátil se não houvesse a independência em lei. Seria uma questão que adicionaria mais volatilidade na curva longa de juros”, respondeu Campos Neto, em palestra na UCLA Anderson School of Management.

O presidente do BC citou o exemplo do Peru, que tem passado por distúrbios sociais e trocas de governo sem que o seu banco central tenha sido afetado. O presidente do BC repetiu que ficará no cargo até o fim do seu mandato, em 2024.

“O Congresso brasileiro votou pela independência e o STF chancelou que essa seria a melhor forma de organização. A independência não é um desejo só do Banco Central. Temos que responder ao desejo dessas pessoas que votaram essa lei e mostrar que vamos seguir independentes”, completou Campos Neto.


Não vai mudar


O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, responsável pela articulação política do governo federal, minimizou as críticas do presidente Lula à autonomia do Banco Central (BC). Em uma série de postagens no Twitter, nesta quinta-feira (19), Padilha enfatizou que “não há nenhuma pré-disposição por parte do governo de fazer qualquer mudança na relação com o Banco Central”.

“Como disse o presidente Lula, na sua experiência de governo, deu plena autonomia ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. O presidente não vai mudar de postura agora, ainda mais com uma lei que estabelece regras nesse sentido”, reforçou.

As declarações de Padilha arrefeceram os ânimos do mercado: o dólar desacelerou e a bolsa passou a subir imediatamente após a postagem. (Estadão Conteúdo e Agência Brasil)