Economia
Gigantes da tecnologia vivem crise inédita
Big techs que faturaram na pandemia de Covid agora cortam gastos e fazem demissões em massa
As gigantes da tecnologia, grupo de empresas mais valiosas do mundo (que abarca Apple, Microsoft, Google, Amazon e Facebook), foram as companhias que melhor surfaram na onda da pandemia de Covid-19, quando o isolamento social se fez necessário para combater o vírus e, consequentemente, a digitalização de diversos segmentos foi obrigatória para manter a economia mundial girando. Agora, pouco mais de um ano da normalização dos serviços, parece que os ventos mudaram e essas firmas enfrentam uma crise inédita.
A Meta (companhia de Mark Zuckerberg, que comanda o Facebook, Instagram e WhatsApp) demitiu 13% da força de trabalho em 9 de novembro, totalizando 11 mil pessoas, maior corte da história entre as empresas de tecnologia. Na semana seguinte, a varejista Amazon iniciou os cortes de 10 mil funcionários, cerca de 3% da companhia americana, e planeja mais uma rodada em 2023, segundo já adiantou o CEO Andy Jassy.
Outras demissões ocorreram no Twitter, Netflix, Snap e Lyft nos últimos meses, entre outras firmas, incluindo startups menores ao longo do ano. Segundo levantamento do jornal O Estado de S. Paulo, nos 11 meses de 2022, mais de 17 mil pessoas foram demitidas entre as grandes companhias de tecnologia dos Estados Unidos, sem incluir a Salesforce, que não revelou o número.
Apple e Google não concretizaram demissões, mas essas companhias já sinalizaram que vão buscar mais eficiência em seus produtos (o que pode significar aumento de preços para o consumidor final) e, no curto prazo, estão diminuindo ou até congelando a contratação de funcionários. Em outubro, a Microsoft demitiu mil pessoas em todo o mundo.
Para especialistas, cada uma dessas big techs faz ajustes por um motivo diferente. Mas o que as une é o cenário econômico desafiador de 2022, que traz a volta à normalidade pré-pandêmica (portanto, há menor digitalização, como arrefecimento do e-commerce e do uso serviços de streaming, por exemplo), a alta dos juros globais para conter a inflação (que corrói o bolso do consumidor e encarece a tomada de capital por parte das empresas) e a guerra na Ucrânia (que desestabiliza as cadeias globais de produção).
“As gigantes da tecnologia estão começando a ver um cenário de turbulência depois de um período de crescimento massivo”, aponta o analista Dan Ives, da consultoria americana WedBush. Para ele, a Meta e a Amazon são os primeiros indicadores de um cenário sensível que deve se estender por 2023.
Essa pressão afetou mais cedo as startups, pequenas empresas de tecnologia que operam na mesma lógica de queima de caixa e, na maior parte, dependem de aportes financeiros de investidores para continuar crescendo.
Ao longo do ano, diversos nomes do mercado realizaram cortes, como a gigante Stripe, GoPuff e Coinbase demitiram milhares de pessoas, bem como companhias brasileiras do setor, como QuintoAndar, Loft e Hotmart, entre outros.
“Pela primeira vez em uma década, estamos vendo demissões e congelamentos acontecerem pelo cenário de tecnologia”, diz Ives.
Ajuste de contas
Se a fartura proporcionada pela digitalização durante a pandemia acabou, agora é hora de o “pêndulo do mercado” rumar para um ponto de equilíbrio, defende Junior Borneli, presidente executivo e fundador da StartSe, plataforma de empreendedorismo.
Para a Amazon, por exemplo, as demissões incluem times envolvidos com diversas áreas, incluindo aqueles desenvolvedores que trabalham com a assistente digital Alexa. Já a Meta está em um lugar mais complicado, diz Borneli. Isso porque a companhia enfrenta múltiplos desafios: concorrência acirrada com o TikTok, menor eficiência em anúncios publicitários no Facebook e Instagram, e investimentos até então infrutíferos no metaverso, aposta da companhia como o futuro da internet. (Estadão Conteúdo)
Galeria
Confira a galeria de fotos