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Economia

Anatel: nova concessão de telefonia fixa pode movimentar mais de R$ 22,6 bi

O trabalho tem como desafio propor um modelo capaz de atrair novos interessados em um momento em que as chamadas de voz estão caindo em desuso

15 de Setembro de 2022 às 14:22
Cruzeiro do Sul [email protected]
Anatel
Anatel (Crédito: Site/ Governo Federal)

O presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Carlos Baigorri, estima que a nova concessão de telefonia fixa tem potencial para movimentar um valor expressivo. Na sua avaliação, o montante poderia até mesmo superar os R$ 22,6 bilhões que correspondem ao valor cobrado pela agência regulatória das atuais concessionárias (Oi, Vivo, Claro/Embratel, Algar e Sercomtel) para atualizar o regime de prestação de serviço.

A Anatel já começou a trabalhar na elaboração do edital de concessão de Sistema Telefônico Fixo Comutado (STFC) para suceder o contrato atual, que começou em janeiro de 1998 e terminará em dezembro de 2025.

O trabalho tem como desafio propor um modelo capaz de atrair novos interessados em um momento em que as chamadas de voz estão caindo em desuso, e as atuais concessionárias estão cobrando uma revisão dos contratos para sanar prejuízos.

O desenho do edital, por ora, é uma incógnita. Para o presidente da Anatel, o valor da futura concessão não está mais concentrado no serviço de telefonia em si, mas no direito de exploração dos bens reversíveis, que retornariam para a União com o fim dos contratos atuais. Outro ativo são os direitos inerentes à prestação do serviço de telefonia fixa, como direito de uso dos postes e dutos - um bem cada vez mais escasso, especialmente nas cidades grandes.

"Estamos definindo o que vai ser. O serviço de telefonia fixa continuará existindo, e o nosso desafio é fazer uma licitação que seja ampliada, atrativa e que valha mais do que R$ 22 bilhões", disse Baigorri, na quarta-feira em Brasília, durante conversa com jornalistas durante simpósio organizo pela Telcomp - associação de provedores regionais de internet.

Baigorri reiterou que uma proposta inicial para o edital da concessão de telefonia fixa deve estar pronta para ser submetida a consulta pública até o fim de 2022.

Apesar da queda nas chamadas, Baigorri refutou a hipótese de que o serviço desapareça. Assim como o rádio, a telefonia fixa deverá deixar de ser massiva para ser um negócio de nicho, usado por algumas empresas e serviços públicos (bombeiros, polícia e emergência médica, por exemplo), comparou.

"O STFC tem suas vocações, mas entendo que vai ser cada vez mais de nicho. Ele não vai ter a mesma relevância geral do passado, igual o rádio. Mas não acredito que vai acabar", avaliou Baigorri. "O STFC vai se reinventar e achar o seu mercado assim como todo mundo encontra", emendou.

Paralelamente à confecção do edital, está sendo discutida a possibilidade de as operadoras de telefonia fixa alterarem o modelo de prestação atual do serviço. Elas têm a opção de migrar do regime de concessão para autorização, conforme previsto na lei 13.789, aprovada em 2019.

Com a mudança, as empresas deixariam de cumprir obrigações regulatórias, como a manutenção de orelhões, algo que consome centenas de milhões de reais por ano. Também poderiam ficar com os bens reversíveis definitivamente. Em troca, teriam que desembolsar o valor cobrado para a atualização.

(Estadão Conteúdo)