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Economia

Chocolate gera renda e ajuda a proteger os yanomamis

A afirmação é consenso entre especialistas e evidente para os povos da floresta

11 de Setembro de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: Reprodução)

Pressionada pelo avanço do garimpo ilegal e a extração de madeira, a Amazônia é um ativo econômico muito mais importante em pé do que explorada à exaustão. A afirmação é consenso entre especialistas e evidente para os povos da floresta. Mas a alta nas taxas de desmatamento e de mineração ilegal mostra o quanto ainda é realidade distante. Afinal, onde está a saída?

Se um morador de São Paulo fosse em 5 de setembro, Dia da Amazônia, a alguns dos supermercados mais importantes da cidade vai encontrar um exemplo. Em uma embalagem preta, o Chocolate Yanomami é feito com cacau, como o nome diz, colhido pelos próprios indígenas na região dos rios Uraricoera e Toototobi, em Roraima e no Amazonas.

Pelo quilo da amêndoa processada da fruta, a fábrica, a De Mendes, paga valor acima do praticado no mercado -- hoje R$ 11,40 o quilo. E na pandemia 100% do lucro com a venda do chocolate no varejo foi repassado para os Yanomami.

“Se transformou numa alternativa para a questão do garimpo ilegal e a invasão das terras indígenas”, diz o chocolatier César de Jesus Mendes. O cacau colhido pelos índios é levado à fábrica onde dá origem exclusivamente à marca Chocolate Yanomami. Cada barra é vendida por R$ 50.

A iniciativa não foi levada para as populações indígenas, mas nasceu dos próprios yanomami, em 2015. “Eles procuraram nossos técnicos em campo, já haviam feito algumas vendas de cacau, e nos provocaram a olhar para isso”, diz José Ignácio Gomeza, analista de pesquisa e desenvolvimento do Instituto Socioambiental (ISA).

Após os primeiros contatos e estudos sobre a viabilidade do negócio, o ISA partiu para a busca de um parceiro. Encontraram o chocolatier César de Jesus Mendes. “Fui indicado para avaliar a ocorrência do cacau nativo naquela região. Pesquisamos o material genético e concluímos que era um volume pequeno mas com um perfil interessante”, detalha Mendes. (Estadão Conteúdo)