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Economia

Câmara dos Deputados aprova PEC dos benefícios em segundo turno

Proposta, que amplia benefícios sociais, foi votada em segundo turno na Câmara dos Deputados

14 de Julho de 2022 às 00:01
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Arthur Lira, presidente da Casa, permitiu voto virtual.
Arthur Lira, presidente da Casa, permitiu voto virtual. (Crédito: SÉRGIO LIMA / AFP (13/7/2022) )

A Câmara dos Deputados aprovou ontem a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos benefícios, que turbina benefícios sociais. Em votação em segundo turno, a proposta teve 469 votos a favor (308 eram necessários), 17 contra e duas abstenções e agora vai à promulgação do Congresso.

Em uma vitória para o governo, a Câmara rejeitou as sugestões de mudança (destaques) feitas pela oposição. Por 345 votos a 143, os deputados rejeitaram o destaque do PT que propunha a retirada do estado de emergência, que blinda o presidente Jair Bolsonaro de punições da Lei Eleitoral. Isso porque a legislação proíbe a concessão de benefícios às vésperas da eleição, exceto em casos de calamidade pública e emergência. As propostas poderiam limitar os efeitos eleitorais da PEC em favor do presidente.

Outra mudança rejeitada, por 344 votos a 149, foi a de tornar a parcela de R$ 600 do Auxílio Brasil permanente, proposta pelo Psol. Assim, a parcela de R$ 600, que começa a ser paga em agosto, vale só até o final do ano.

A PEC, articulada pelo Palácio do Planalto e sua base governista no Congresso, aumenta o valor do Auxílio Brasil -- sucessor do Bolsa Família -- de R$ 400 para R$ 600 por mês, além de conceder bolsa caminhoneiro de R$ 1 mil e bolsa taxista de R$ 200 mensais até dezembro, entre outras medidas. Todas valem só até o fim deste ano.

O valor total de aumento de despesas é calculado em R$ 41,25 bilhões aos cofres públicos, recurso que será contabilizado fora da regra do teto de gastos, que limita o crescimento das despesas do governo à inflação registrada no ano anterior.

Logo no início do dia, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou que a sessão seria também virtual -- permitindo que os deputados pudessem registrar presença de forma remota. A manobra tinha o objetivo de garantir o quórum de deputados da base governista e impedir a oposição de emplacar mudanças no texto.

Na terça, durante a análise dos destaques após a aprovação da PEC em primeiro turno, Lira interrompeu a sessão pela instabilidade da conexão de internet na Câmara. Ele classificou o episódio como “grave” e “sem precedentes”. Ainda na noite de na quarta-feira, a pedido de Lira, técnicos da Polícia Federal foram ao Congresso investigar o ocorrido. A PF abriu um procedimento preliminar para apurar as falhas.

Segundo o presidente da Câmara, o representante de uma das empresas que operam o servidor de internet na Casa entrou em contato com ele, pediu desculpas pelo problema técnico e disse que não houve “boicote”.

Aprovada no Senado em 30 de junho, a PEC teve sua tramitação acelerada na Câmara por meio de manobras regimentais. O governo tem pressa para pagar os benefícios, vistas pela campanha de Bolsonaro à reeleição como uma forma de alavancar sua popularidade. Hoje, o chefe do Executivo aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto ao Palácio do Planalto, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Para garantir os recursos ao pagamento dos novos auxílios e da ampliação dos benefícios sociais já existentes, o governo terá de editar uma medida provisória com crédito extraordinário, recursos do Orçamento da União para despesas que ficam fora do teto de gastos. (Estadão Conteúdo e Redação)