Economia
Inflação volta a acelerar, indica IPCA-15 de junho
Houve pressão de altas em todos os grupos pesquisados pelo IBGE
A inflação brasileira voltou a acelerar em junho. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial, ficou em 0,69% neste mês, segundo os dados divulgados ontem pelo IBGE. No IPCA-15 de maio, a taxa havia ficado em 0,59%.
A taxa do IPCA-15 em 12 meses ficou em 12,04% (o acumulado até maio era de 12,20%), ante uma meta de inflação de 3,5% perseguida pelo Banco Central (BC) para 2022, com intervalo de tolerância de 2% a 5%. No ano passado, a inflação pelo IPCA foi de 10,06%, quase o dobro do teto de tolerância de 5,25%, que tinha como centro da meta uma taxa de 3,75%.
O alívio em maio pelo fim da cobrança extra da bandeira tarifária de escassez hídrica sobre a conta de luz foi sucedido em junho por uma pressão de aumentos disseminados pelos demais grupos de bens e serviços investigados. Os vilões foram os reajustes dos planos de saúde e dos medicamentos, mas também da taxa de água e esgoto, passagens aéreas e automóveis novos.
De acordo com o IBGE, todos os grupos pesquisados tiveram alta em junho. O maior impacto (0,19 ponto porcentual no índice) veio dos transportes (0,84%). No entanto, esse segmento desacelerou em relação a maio (1,8%). A maior variação veio de vestuário (1,77% de alta e 0,08 ponto porcentual no índice), seguido por saúde e cuidados pessoais (1,27%), que contribuiu com 0,16 ponto no índice do mês. O grupo habitação, que havia registrado queda no mês anterior (-3,85%), subiu 0,66% em junho. Os demais grupos ficaram entre o 0,07% de educação e o 0,94% de artigos de residência, conforme o IBGE.
Para o economista Lucas Godoi, da consultoria GO Associados, o IPCA-15 trouxe sinais de aumentos de preços menos disseminado. Segundo ele, o resultado favorece o fim do ciclo de aperto monetário na reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) de agosto, com um novo aumento da taxa básica de juros, a Selic, dos atuais 13,25% ao ano para 13,75%.
O banco BNP Paribas espera um IPCA de 10% neste ano, seguido de alta de 5% em 2023. “Apesar de a gente estar vendo a inflação voltando para patamares um pouco mais baixos do que aqueles 1,7%, 1,5% que vimos desde o início do ano, ainda é uma composição muito ruim”, avaliou a economista para Brasil do BNP Paribas, Laiz Carvalho. (Estadão Conteúdo)