Economia
Selic aumenta para 12,75% e Banco Central indica nova alta
O Copom, elevou a taxa básica de juros em 1 ponto porcentual, no 10º aumento seguido
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central cumpriu ontem a promessa de elevar a taxa Selic em 1 ponto porcentual, de 11,75% para 12,75% ao ano, e sacramentou o mais longo ciclo de aperto monetário ininterrupto da história do comitê -- no 10º aumento seguido. O Copom, porém, abriu mão de finalizar o ciclo neste mês, diante de uma inflação que não para de surpreender e de notícias preocupantes no cenário internacional.
A decisão foi tomada horas depois de o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), também preocupado com as pressões sobre os preços, elevar a taxa básica de juros para o intervalo entre 0,75% e 1% -- uma alta de 0,5 ponto porcentual. O Fed não fazia uma elevação dessa magnitude desde maio de 2000.
Tanto nos EUA quanto no Brasil, um aumento dos juros encarece o crédito e o custo da dívida pública, elevando o risco de uma desaceleração maior da economia. Com financiamento mais caro, empresas podem segurar investimentos, com impacto no emprego e na renda. Juros mais altos nos EUA tendem ainda a aumentar o ingresso de recursos na maior economia do mundo e, consequentemente, valorizar o dólar frente a outras moedas, afetando economias emergentes como a brasileira.
No Brasil, o Copom sinalizou que pode fazer um novo movimento de alta -- em menor escala -- na próxima reunião, em junho. O mercado financeiro aposta em um aumento de 0,5 ponto. Citando mais de uma vez a conjuntura econômica incerta, o BC preferiu, desta vez, não cravar sua atuação para um período maior de tempo, como fez nas comunicações do Copom de março.
“Para a próxima reunião, o comitê antevê como provável uma extensão do ciclo com um ajuste de menor magnitude. O comitê nota que a elevada incerteza da atual conjuntura, além do estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos ainda por serem observados, demandam cautela adicional em sua atuação”, disse o BC, no comunicado da decisão.
Entidades e federações se manifestaram sobre a alta de juros. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou “equivocada” a decisão. Para a confederação, a taxa anterior já era suficiente para garantir uma trajetória de queda da inflação nos próximos meses, argumentando que a alta leva tempo para restringir a atividade e, consequentemente, segurar a alta dos preços.
“Este novo aumento da taxa de juros deve comprometer ainda mais a atividade econômica, que já dá claros sinais de fraqueza. Para a indústria, a intensificação do ritmo de aperto da política monetária piora as expectativas para o crescimento econômico em 2022, com efeitos adversos sobre a produção, o consumo e o emprego”, disse o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, em nota divulgada pela entidade.
A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) considera que, apesar de esperado, o décimo aumento consecutivo da Selic é “ineficiente e pouco efetivo no controle do nível de preços neste momento”. “A nova alta de juros penaliza ainda mais o nível de atividade e reforça a perspectiva de desaceleração econômica em 2022”, avalia a Firjan. (Estadão Conteúdo e Agência Brasil)