Economia
Dólar fecha perto de R$ 5 e Ibovespa tem 7ª queda
Preocupação com a economia levou investidores à proteção da moeda americana
O dólar emendou na sessão de ontem o terceiro pregão consecutivo de alta firme e encostou no patamar de R$ 5,00. Uma vez mais, o real sofreu com o movimento global de aversão ao risco que levou investidores a abandonar divisas emergentes e bolsas para buscar proteção na moeda norte-americana. O Ibovespa registrou ontem a sétima queda consecutiva.
No fim da sessão, o dólar avançava 2,36%, cotada a R$ 4,9905 -- maior valor desde 21 de março (R$ 4,9445). Nas três últimas sessões, a moeda acumulou valorização de 8,01%. Em abril, a divisa sobe 4,82%. As perdas no ano, que já chegaram a superar 17%, agora estão na casa de 10%.
A escalada da taxa de câmbio na primeira etapa de negócios fez o Banco Central intervir novamente. Depois de vender US$ 571 milhões à vista na sexta-feira e se ausentar na segunda-feira, o BC fez leilão extraordinário de 10 mil contratos de swap cambial (US$ 500 milhões) no início da tarde de ontem.
O pano de fundo para o tombo dos ativos de risco são as preocupações em torno de uma eventual desaceleração da economia global, em meio à expectativa de alta mais rápida e intensa de juros nos Estados Unidos e preocupações com os impactos de novos lockdowns na China. O Federal Reserve anuncia a nova taxa de juros norte-americana na próxima quarta-feira, dia 4, e a expectativa majoritária é de uma alta de 0,50 ponto porcentual. Uma ala relevante do mercado já aposta em elevação de 0,75 ponto porcentual no encontro do BC americano em junho.
Há também temores de um agravamento das tensões geopolíticas, após a Rússia subir o tom em relação à Ucrânia, falando até mesmo em ameaça de conflito nuclear, o anúncio de corte de fornecimento de gás russo à Polônia e a iniciativa conjunta de Finlândia e Suécia para entrar na Otan. Operadores também citaram a piora do ambiente institucional doméstico, com os atritos entre o presidente Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF) como um dos indutores da busca por proteção.
Ibovespa
Decepção com o resultado trimestral do Santander Brasil e o mal-estar externo em torno da atividade econômica chinesa -- em meio aos lockdowns -- e da aceleração inflacionária global mantiveram o Ibovespa no negativo pela sétima sessão consecutiva, igualando em extensão sequência vista pela última vez em maio de 2016, de acordo com AE Dados.
Os grandes bancos também tiveram queda firme após os resultados do Santander, com o mercado especialmente atento à inadimplência e ao crédito no primeiro trimestre. A referência da B3 encerrou o dia em baixa de 2,23%, a 108.212,86 pontos. Na semana, o índice cede 2,58% e, no mês, 9,82% -- no ano, o ganho se limita a 3,23%. (Estadão Conteúdo e Redação)