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Economia

ONS: conta de luz deve ter bandeira verde até fim do ano

Acréscimo da bandeira de escassez hídrica vigorava desde setembro

12 de Abril de 2022 às 00:01
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Volume de chuva nos reservatórios de hidrelétricas melhorou.
Volume de chuva nos reservatórios de hidrelétricas melhorou. (Crédito: ARQUIVO AGÊNCIA BRASIL)

Cinco dias após o presidente Jair Bolsonaro anunciar o fim de bandeira de escassez hídrica na conta de luz e a entrada em vigor da bandeira verde a partir de 16 de abril, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou que ela deve vir para ficar. Novas mudanças não são esperadas até o fim de ano. Isso significa que provavelmente as tarifas não voltarão a sofrer acréscimos em 2022, a não ser pelos reajustes anuais das distribuidoras.

O sistema de bandeiras tarifárias é o que define o real custo da energia. Quando as condições de geração de energia não são favoráveis, é preciso acionar as usinas termelétricas, elevando os custos. Assim, cobranças adicionais têm por objetivo cobrir a diferença e também funcionam para frear o consumo.

No ano passado, foi criada a bandeira de escassez hídrica, que fixa um acréscimo de R$ 14,20 a cada 100 quilowatts (kWh) consumidos. Ela estava vigente há sete meses, desde setembro. Segundo o governo federal, a medida era necessária para compensar os custos da geração de energia, que ficaram mais caros em consequência do período seco em 2021, apontado como o pior em 91 anos.

Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do ONS, afirmou que, com o volume de chuvas registrado desde o fim do ano passado, a atual situação dos reservatórios das usinas hidrelétricas permitirá ao País atravessar o restante do ano de forma mais tranquila e segura do que em 2021. “Sudeste e Centro-Oeste terminam o período de chuvas no melhor nível desde 2012”, observou.

A geração térmica deverá se limitar às usinas inflexíveis, que são aquelas que não podem parar e que possuem uma capacidade em torno de 4 mil megawatts (MW). Nos piores momentos da crise hídrica de 2021, as térmicas respondiam por mais de 20 mil MW.

Atualmente, as hidrelétricas são responsáveis por cerca de 65% da geração de energia no País. A matriz brasileira vem sendo modificada nos últimos anos com o crescimento de novas fontes renováveis, como eólica, que já representa aproximadamente 9% do total.

Segundo Ciocchi, a alta do preço dos combustíveis fósseis, puxada pela guerra entre a Rússia e Ucrânia, não deverá afetar tanto o setor como afetaria no ano passado, quando todas as usinas termelétricas do País foram acionadas, inclusive as mais caras.

“Vamos ter despacho térmico bastante reduzido este ano e a sinalização dos agentes que não terá esse problema de abastecimento, podemos ficar tranquilos. Se esse conflito tivesse acontecido no ano passado, aí teríamos situação bastante complicada”, afirmou Ciocchi.

Para 2023, o executivo observou que, apesar de não ter bola de cristal e o setor depender de chuvas, que não são previsíveis no longo prazo, a expectativa é que seja um ano ainda melhor do que este do ponto de vista do abastecimento energético.

“Tem muita geração nova entrando, muita linha de transmissão entrando, então em 2023 estaremos melhor do que neste ano. Se mantido os reservatórios nesses níveis, teremos 2023 ainda melhor que este ano, mas sujeito a chuvas e trovoadas”, comparou. (Agência Brasil e Estadão Conteúdo)