Troca de comando
Governo indica José Mauro Coelho para a presidência da Petrobras
Indicado anterior não aceitou convite por conflito de interesses
O governo federal indicou José Mauro Ferreira Coelho para a presidência da Petrobras. Marcio Andrade Weber foi indicado para presidir o conselho de administração. Os nomes foram confirmados pelo Ministério de Minas e Energia (MME) ontem à noite. As indicações ocorrem após as desistências do economista Adriano Pires e do empresário Rodolfo Landim, que declinaram dos convites por conflitos de interesses.
Antes da definição, chegou a ser cogitada a transferência do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, mas houve resistência dele. É uma mudança em relação à época da escolha de Joaquim Silva e Luna, há um ano, quando Bento quis a presidência da estatal.
Depois do fracasso das indicações de Pires e Landim, o ministro fez um movimento para emplacar um homem de sua confiança. José Mauro Coelho é considerado seu “braço direito”. A preferência do setor e na própria empresa era por uma solução interna com Marcio Weber, que ficou com a presidência do conselho.
Coelho é presidente do Conselho de Administração da PPSA, estatal responsável por negociar a parte da União na exploração do pré-sal, e foi secretário de Petróleo e Gás do MME de abril de 2020 a outubro de 2021. Antes, atuou por 12 anos na Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estatal responsável pelo planejamento do setor elétrico, sendo seu último posto o de diretor de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis na EPE.
A escolha do novo presidente da Petrobras não animou setores da indústria que veem nele o risco de ser tornar uma espécie de CEO do próprio ministério e, em última instância, de Bolsonaro, que já demonstrou por diversas vezes o desejo de mudar a política de preços da petroleira, atrelada ao mercado internacional, tema que levou à queda de Silva e Luna.
Marcio Weber é conselheiro da empresa. Foi membro da Diretoria de Serviços da Petrobras Internacional (Braspetro) e diretor da Petroserv S/A. Para terem efeito, as duas indicações precisam ser confirmadas pela assembleia-geral ordinária da Petrobras. A próxima reunião do colegiado deve ocorrer na próxima quarta-feira.
Coelho saiu do MME em outubro, alegando questões pessoais. Ele chegou a ser oficial de artilharia por oito anos, o que lhe garante uma boa relação com o Exército, mas depois engrenou na área tecnológica até entrar para a EPE, em 2007, na área de abastecimento. Apesar de não ter experiência como executivo de uma grande empresa, como requer o estatuto da Petrobras, o nome de Coelho não deverá enfrentar obstáculos para aprovação, já que detém experiência no setor e dirigiu por anos a EPE. (Estadão Conteúdo)