Economia
Elon Musk compra 9,2% das ações do Twitter
Compra alavancou em mais de 20% o valor da rede social na Bolsa
O magnata sul-africano Elon Musk adquiriu 9,2% das ações do Twitter, alavancando em mais de 20% o valor desta rede social na Bolsa.
Fundador da companhia de carros elétricos Tesla e da empresa aeroespacial SpaceX e considerado o homem mais rico do mundo, Musk é um usuário frequente do Twitter, onde publica, com frequência, mensagens controversas e tem sido um crítico das empresas de mídia social.
Em um tuíte recente, ele questionou o respeito do Twitter pela liberdade de expressão e sugeriu que lançaria sua própria plataforma.
Um documento apresentado na Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC), na sigla em inglês, indica que Musk comprou quase 73,5 milhões de ações do Twitter, 9,2% do total da empresa.
Com isso, passa a ser o maior acionista do grupo, à frente do fundo de investimentos Vanguard (8,8%) e do banco Morgan Stanley (8,4%), segundo dados da Bloomberg.
O investimento equivale a algo em torno de US$ 2,9 bilhões do valor de fechamento do Twitter na última sexta-feira.
Ao meio-dia, as ações da rede do pássaro azul dispararam 25%, a 49,23 dólares.
"Podemos esperar que esta participação passiva [sem intenção de mudar o ritmo da empresa] seja o começo de discussões mais amplas com o conselho/administração do Twitter, o que poderia levar a uma compra ativa e a uma posição potencialmente mais agressiva na propriedade do Twitter", disseram os analistas Daniel Ives e John Katsingris, da Wedbush.
Procurado pela AFP, o Twitter ainda não emitiu uma posição.
- Usuário de Twitter -
Em 25 de março, Musk fez uma pesquisa no Twitter, na qual perguntou: "liberdade de expressão é essencial para o funcionamento da democracia. Você acha que o Twitter adere rigorosamente a esse princípio?".
Mais de 70% dos dois milhões de usuários que votaram responderam "não".
"Dado que o Twitter serve como uma arena pública de facto, não aderir a princípios fundamentais mina a democracia. O que deve ser feito?", questionou ele outro dia. É necessária uma nova plataforma?", insistiu.
"Compre o Twitter" foi uma das primeiras respostas de dezenas de milhares de usuários.
Musk já usou pesquisas do Twitter para fazer negócios. Em novembro do ano passado, por exemplo, vendeu US$ 5 bilhões em ações da Tesla, depois de perguntar a seus seguidores nas redes sociais se deveria vender 10% de sua participação.
Em 2018, publicou um tuíte no qual, sem provas, dizia ter fundos suficientes para tirar a Tesla da Bolsa. Esta mensagem disparou o valor das ações da Tesla, mas a SEC disse que o comentário no Twitter era "falso e enganoso".
Mais tarde, Musk admitiu que qualquer tuíte capaz de mover o valor das ações da Tesla seria examinado por advogados, como parte de um acordo que exigia que ele pagasse US$ 20 milhões para resolver um caso de fraude apresentado pela SEC.
No início de março, Musk pediu a um juiz de Nova York que revertesse o acordo sobre seus tuítes alcançado com os reguladores do mercado de ações, afirmando que a SEC busca "assediar a Tesla" e reduzi-lo "ao silêncio".
- Críticas -
O Twitter é frequentemente acusado de censura por muitos conservadores nos Estados Unidos, principalmente desde a suspensão da conta de Donald Trump no ano passado.
Enquanto isso, democratas e muitas ONGs acusam a rede social por permitir a publicação de muitas mensagens que consideram de ódio ou racistas.
Assim como o Facebook e o Youtube, o Twitter considera que o ex-presidente incitou seus apoiadores à violência antes do ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.
Em resposta à suspensão de sua conta, Trump lançou em fevereiro sua própria plataforma, a Truth Social.
Nesta segunda-feira, a deputada Marjoria Taylor Greene, muito próxima ao ex-presidente, questionou se o investimento de Musk marcaria o "retorno da liberdade de expressão ao Twitter".
Donald Trump tem 836.000 seguidores na Truth Social, contra os 88 milhões que tinha no Twitter em janeiro de 2021, antes que a rede social suspendesse sua conta. (AFP)