Economia
Dólar fecha a R$ 5, menor cotação desde 30 de junho

A atração de investimentos estrangeiros, por meio de juros altos, e a alta nas matérias-primas de exportação (commodities) contribuíram para tirar o fôlego do dólar ontem. A moeda furou a “barreira psicológica” de R$ 5, chegando a R$ 4,9941 na mínima do dia, e fechou em queda de 0,95%, a R$ 5,0042, o menor valor desde 30 de junho.
Com o resultado, a moeda cai 5,70% em fevereiro e 10,23% no acumulado de 2022. Pela manhã, a moeda já abriu pressionada pela tendência de queda no exterior, com a melhora do apetite por ativos de risco. E desceu mais sob a influência das notícias locais, como o resultado do IPCA-15 de fevereiro, que deve exigir novas altas na taxa básica de juros (Selic), e a arrecadação recorde da Receita em janeiro.
Segundo o estrategista Jefferson Laatus, do grupo Laatus, com a Selic mais alta estrangeiros devem trazer dinheiro ao País em busca de ganhos maiores. As projeções do Banco Central para fluxo mensal são de forte entrada para o Brasil, tanto em investimentos diretos quanto para aplicações financeiras.
A alta dos preços das commodities, que subiram 13,5% em dólar entre a virada do ano e meados deste mês, também ajuda a explicar o fortalecimento da moeda brasileira no período, segundo o economista Lívio Ribeiro, pesquisador associado do FGV/Ibre. Quando o preço das matérias-primas aumenta em dólar no mercado global, exportadores recebem mais divisas pelas vendas externas, e a moeda local se valoriza.
Especialistas, porém, avaliam que a queda do dólar tem fôlego curto. Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, diz que o cenário favorável parece não ser sustentável e que o câmbio não deve ficar nesse patamar ao longo do ano.
Apesar do dólar ter cedido a linha de R$ 5, o Ibovespa voltou a terreno negativo após recuperação pontual na terça-feira, o único ganho da referência da B3 nas últimas cinco sessões. O índice fechou hoje em baixa de 0,78%, a 112.007,61 pontos. (Estadão Conteúdo)