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Economia

Dólar cai, apesar da crise na Ucrânia

23 de Fevereiro de 2022 às 00:01
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Estimativa para o câmbio de 2022 permanece em R$ 5,00 no Focus do BC
Estimativa para o câmbio de 2022 permanece em R$ 5,00 no Focus do BC (Crédito: MARCELLO CASAL JR. / ARQUIVO AGÊNCIA BRASIL)

A turbulência no cenário internacional, provocada principalmente pela crise entre Rússia e Ucrânia, até agora passou ao largo do mercado de câmbio brasileiro. Desde o início do ano, o dólar já recuou 9,36% em relação ao real. A moeda americana começou o ano cotada a R$ 5,66, e ontem fechou em R$ 5,05 -- queda de 1,07%. É o menor valor desde 1º de julho passado.

A alta dos preços das commodities, que subiram em dólar 13,5% entre a virada do ano e meados deste mês, é o principal fator que explica o fortalecimento da moeda brasileira em relação ao dólar nesse período, segundo o economista Lívio Ribeiro, pesquisador associado do FGV/Ibre. Por meio de um modelo, ele acompanha os fatores determinantes da cotação das moedas.

Quando o preço das matérias-primas aumenta em dólar no mercado internacional, países exportadores de commodities recebem mais divisas pelas vendas externas, e a sua moeda se valoriza.

Esse movimento vinha acontecendo com o Brasil e outros países exportadores de matérias-primas. Mas nos últimos dez dias o Brasil se destacou em relação a seus pares, observa o economista. E o movimento de perda de valor do dólar em relação ao real se acentuou, porque também o diferencial dos juros, hoje em 10,75%, atraiu forte entrada de recursos externos. Cerca de metade da desvalorização do dólar em relação ao real acumulada neste ano ocorreu só neste mês.

“A entrada de capitais neste ano por meio de investidores em Bolsa e as entradas de divisas relacionadas a exportações acabaram pressionado o dólar para baixo”, afirma Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior.

Apesar desse cenário favorável, especialistas avaliam que a queda do dólar tem fôlego curto. Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, diz que esse cenário parece não ser sustentável e que o câmbio não deve ficar nesse patamar ao longo do ano. “Há espaço para depreciação do real por causa do riscos eleitorais que devem aparecer à frente.” (Estadão Conteúdo)