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Economia

Brasil e Rússia firmam acordo no agro

Bolsonaro disse que será dobrada a oferta de fertilizante russo para as plantações brasileiras

17 de Fevereiro de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Presidentes se reuniram ontem em Moscou, mas não falaram sobre a Ucrânia.
Presidentes se reuniram ontem em Moscou, mas não falaram sobre a Ucrânia. (Crédito: MIKHAIL KLIMENTYEV / SPUTNIK / AFP (16/2/2022))

Após reunião de duas horas realizada em meio à crise na Ucrânia, Jair Bolsonaro disse que tratou com o presidente russo, Vladimir Putin, de cooperação nas áreas de energia e agricultura. O brasileiro também se disse solidário à Rússia e “aos países que se empenham pela paz”.

Diferentemente de outros chefes de governo que visitaram Putin recentemente, Bolsonaro foi recebido com um aperto de mão e sentou-se ao lado do russo. O francês, Emmanuel Macron, na semana passada, e o alemão, Olaf Scholz, na terça-feira, se reuniram com Putin em lados opostos de um mesão de seis metros de comprimento.

A diferença é que Macron e Scholz se recusaram a fazer o teste PCR russo, por temores de que a Rússia pudesse se apossar do DNA dos dois. Já Bolsonaro foi submetido a cinco exames, o último deles na manhã de ontem.

Bolsonaro foi à reunião acompanhado apenas de um intérprete. Nem mesmo o chanceler Carlos França participou. No final, o presidente brasileiro disse que não tratou diretamente com Putin sobre a Ucrânia. No trecho do encontro que foi aberto à imprensa, Bolsonaro disse que era “solidário à Rússia”, sem especificar a que se referia.

Mais tarde, ele tentou esclareceu a declaração. “Falei para ele que o Brasil apoia qualquer outro país e é solidário, desde que busquem a paz. E essa é a intenção dele (Putin). Não entramos em questões regionais, mas a posição do Brasil é essa”, declarou Bolsonaro.

Após deixar o Kremlin, Bolsonaro levantou uma falsa relação entre sua viagem à Rússia e a suposta retirada de forças russas da fronteira da Ucrânia. O anúncio do recuo, que ainda não foi corroborado pela Otan, ocorreu antes da chegada do presidente a Moscou, mas seus partidários divulgaram que haveria uma correlação entre os fatos.

Fertilizantes

Na reunião, Bolsonaro mencionou parcerias no setor de gás e petróleo, além do interesse em pequenos reatores nucleares modulares. Ele agradeceu a Putin pelo envio de adubos e fertilizantes, essencial para as lavouras brasileiras.

Bolsonaro afirmou que a oferta de fertilizantes da Rússia para o Brasil será dobrada. Uma fábrica que produz os insumos, essenciais para o agronegócio do País também será reativada em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul.

“Até o meio do ano, temos chance de ela (a fábrica de fertilizantes) já estar em funcionamento. Isso é uma garantia para nós de algo produzido no Brasil”, declarou Bolsonaro em entrevista à Rádio Jovem Pan. Ele ponderou, no entanto, que o Brasil continuará dependente dos fertilizantes de outros países.

O aperto na oferta do insumo para a agricultura tem o potencial de pressionar o preço dos alimentos e, consequentemente, a inflação, pesadelo do presidente em ano eleitoral. (Estadão Conteúdo e Redação)