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Economia

Prévia do PIB indica alta de 4,5% em 2021

Índice do Banco Central antecede divulgação oficial do PIB, pelo IBGE

12 de Fevereiro de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Desempenho da economia em novembro e dezembro contribuiu para o resultado anual.
Desempenho da economia em novembro e dezembro contribuiu para o resultado anual. (Crédito: FERNANDO OGURA / AEN )

O Índice de Atividade (IBC-Br) subiu 4,5% em 2021, após uma queda de 4,05% em 2020, ano do início da pandemia, informou ontem o Banco Central (BC). Para este ano, no entanto, o BC e economistas do mercado preveem desaceleração em cenário de alta de juros, incertezas sobre as eleições e novas variantes da Covid-19.

Uma espécie de “prévia do BC para o Produto Interno Bruto (PIB)”, o IBC-Br serve como parâmetro para avaliar o ritmo da economia. De responsabilidade do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB do ano passado será divulgado em 4 de março -- a projeção atual do BC é de crescimento de 4,4%.

Os resultados do IBC-Br nem sempre mostraram proximidade com os dados oficiais do IBGE. O cálculo dos dois é um pouco diferente -- o indicador do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos, mas não considera o lado da demanda (incorporado no cálculo do PIB do IBGE).

Após o baque provocado pela pandemia, a atividade econômica teve altos e baixos em 2021. Nos primeiros meses, a segunda onda de Covid-19 prejudicou principalmente o setor de serviços, mas o agronegócio permitiu bons resultados, beneficiado pela alta das commodities (produtos básicos, como grãos) e do dólar.

Depois, o avanço da vacinação possibilitou a retomada dos serviços, mas na segunda metade do ano a atividade perdeu força com a escalada da inflação e os problemas de insumos na indústria.

Em dezembro, o IBC-Br teve a segunda alta consecutiva, de 0,33%, na série já livre de influências sazonais. Em novembro, o aumento havia sido de 0,51% (dado revisado ontem). De novembro para dezembro, o índice de atividade calculado pelo BC passou de 139,27 pontos para 139,73 pontos na série dessazonalizada. Este é o maior nível desde fevereiro passado (141,05 pontos).

Para 2022, o BC projeta crescimento de 1% para o PIB, com desaceleração da atividade por conta de “surpresas negativas” em dados recentes e pelo aumento do risco fiscal, ou seja, de incertezas sobre gastos públicos em um ano eleitoral.

Para o mercado financeiro, o crescimento deste ano será menor ainda. A expectativa dos analistas dos bancos, em pesquisa feita na semana passada com mais de 100 instituições, é de um crescimento de 0,30% para o PIB em 2022.

Segundo o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, os indicadores disponíveis sinalizam desaceleração já no início de 2022 e sustentam a estimativa de PIB estável (0,0%), com riscos para baixo. “Existe uma chance de PIB negativo, porque o elemento que podia ajudar com mais intensidade, a agropecuária, começa a enfrentar um cenário complexo, com perspectivas piores para as safras de soja, arroz e feijão”, diz Vale.

Na visão do economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otávio de Souza Leal, a melhora na atividade apurada em novembro e dezembro de 2021, na comparação com o primeiro mês do quarto trimestre, outubro, não deve alterar os planos do BC para o aumento dos juros. “Em algum momento no final do ano passado, a sensação era de que já estávamos em recessão. Agora, a sensação é de estagnação.” (Estadão Conteúdo)