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Economia

Desigualdade cai à custa da perda de renda

Auxílio emergencial evitou piora em 2020, ano inicial da pandemia, ao recompor parte dos rendimentos

20 de Novembro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Renda média mensal por pessoa foi de R$ 1.349 em 2020, queda de 4,3% ante 2019.
Renda média mensal por pessoa foi de R$ 1.349 em 2020, queda de 4,3% ante 2019. (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO / ARQUIVO JCS (7/7/2021))

A pandemia exterminou empregos -- 8,1 milhões de brasileiros perderem a renda proveniente do mercado de trabalho, no saldo final de 2020 --, mas o auxílio emergencial evitou uma piora da desigualdade no País, ao elevar o rendimento médio dos brasileiros mais vulneráveis, mostram dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Mesmo com a ligeira melhora na distribuição de renda, a metade mais pobre da população sobrevivia com apenas R$ 453 mensais por pessoa no ano passado.

Equivale a uma família formada por um casal e dois filhos que sobrevive com R$ 1.800 por mês. São cerca de 105 milhões de brasileiros vivendo com apenas R$ 15,10 por pessoa por dia, segundo os dados da Pnad Contínua - Rendimento de todas as fontes.

O quadro permaneceu mais grave no Norte e no Nordeste, mesmo com o alcance do auxílio emergencial pago pelo governo como forma de mitigar a crise causada pela Covid-19. Os 50% mais pobres do Nordeste sobreviviam com R$ 10,03 diários por pessoa. No Norte, o valor ficou em R$ 10,83.

Renda média

O rendimento médio mensal real domiciliar por pessoa, com o desemprego, foi de R$ 1.349 em 2020, uma queda de 4,3% em relação aos R$ 1.410 estimados em 2019. O auxílio emergencial permitiu, pelo menos temporariamente, que a renda média per capita recebida pela metade mais pobre da população brasileira crescesse 3,9% em relação a 2019. No topo da pirâmide, no 1% mais rico, houve perda de 9,4% em 2020 ante 2019.

“Todo mundo teve perda (na renda do trabalho), alguns mais, outros menos, mas você teve uma política social que segurou (os mais vulneráveis)”, disse Alessandra Scalioni Brito, analista do IBGE.

O pagamento do auxílio emergencial elevou a participação de programas de transferência de renda no orçamento das famílias, mas o extermínio de empregos reduziu a participação da renda do mercado de trabalho, enquanto as mortes causadas pela Covid-19 entre os mais idosos e as dificuldades operacionais do INSS em conceder benefícios enxugaram a contribuição de aposentadorias e pensões para o sustento dos lares brasileiros.

Sob o choque da pandemia, a proporção de pessoas com rendimento do trabalho caiu de 44,3% do total de habitantes em 2019 para 40,1% em 2020. Os que recebiam outros tipos de rendimentos saltaram de 7,8% para 14,3% da população, impulsionados pelo auxílio emergencial. O grupo de pessoas que recebiam aposentadoria e pensão encolheu de 13% da população em 2019 para 12,4% em 2020.

R$ 10,6 bilhões a menos

A pandemia retirou das famílias brasileiras R$ 10,6 bilhões em 2020, a despeito do reforço proveniente de medidas emergenciais de socorro financeiro à população, mostra o IBGE. A massa de rendimento médio mensal real domiciliar totalizou R$ 284,6 bilhões em 2020, ante um montante de R$ 295,2 bilhões em 2019.

Mais da metade (50,7%) desse bolo ficou concentrada no Sudeste, R$ 144,416 bilhões, embora tenha recuado 5,2% em relação ao ano anterior. Os aumentos na massa de renda no Norte foram de 3,6% (para R$ 16,437 bilhões) e no Nordeste 1,4% (para R$ 50,989 bilhões), enquanto o Sul teve maior redução (-5,7%, para R$ 48,144 bilhões). No Centro-Oeste, a massa de rendimentos foi de R$ 24,612 bilhões, queda de 3,98%. (Estadão Conteúdo)