Buscar no Cruzeiro

Buscar

Tecnologia

Produção de celulares começa a ser afetada por falta de componentes

O ano de 2022 continuará sendo de grandes desafios na entrega de semicondutores

16 de Novembro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Falta de semicondutores deve ir até metade de 2022
Falta de semicondutores deve ir até metade de 2022 (Crédito: JOSH EDELSON / ARQUIVO AFP)


A escassez de semicondutores que começou com a pandemia de Covid-19 seguirá como um problema para a indústria e para os consumidores pelo menos até a metade de 2022, encarecendo produtos eletroeletrônicos. A avaliação é da associação de representantes do setor e de especialistas no setor automotivo, um dos que sofreram impacto pela falta de componentes para circuitos elétricos.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores (Abisemi), Rogério Nunes, disse que a demanda de produtos de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) aumentou com a pandemia, surpreendendo o setor de semicondutores que havia sido impactado pela interrupção de várias cadeias produtivas. “Esse setor de semicondutores é lento no retorno à produção. Ele demora alguns meses em função da sua característica de manufatura”, explicou.

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, afirmou, em entrevista coletiva no último dia 8 sobre os resultados do setor, que a retração das vendas em outubro é reflexo das dificuldades enfrentadas pela indústria, como a falta de componentes, em escassez mundial. “O ano de 2022 continuará sendo de grandes desafios na entrega de semicondutores ao setor automotivo”, disse na ocasião.

“Fala-se entre 5 milhões e 7,5 milhões de carros não produzidos este ano no mundo. São 250 mil a 280 mil no Brasil em função disso, mas outros setores também já começaram a ser afetados”, observou Nunes. Para ele, a redução da oferta de celulares pode chegar a 10%, “principalmente em função do desabastecimento porque a demanda continua relativamente alta”.

“Não só a indústria automobilística, mas a indústria em geral teve muita dificuldade para implementar as normas de segurança, até todo mundo entender o que estava acontecendo”, lembrou Renan Pieri, economista da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (Eaesp), da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Ele reforça que o setor de semicondutores tem certa inflexibilidade para se adequar à demanda. “A perspectiva é de regularização apenas no segundo semestre do ano que vem”.

Sobre as possibilidades de mitigação do problema, Pieri disse que a maior cooperação entre o próprio setor poderia ter amenizado o problema. “O que deveria ou poderia ter sido feito era uma coordenação entre as empresas da cadeia, todos os produtores, tanto de semicondutores como os demandantes, com o objetivo de criar medidas de cooperação, para que todo mundo conseguisse passar da melhor maneira possível pela crise”.

“Esse tipo de coordenação, no entanto, já que estamos falando de empresas ao redor do mundo inteiro, é muito difícil”, admite.

“Temos uma excessiva concentração de manufatura desses produtos semicondutores na Ásia. Por exemplo, um país como Taiwan produz 43% de tudo que é o wafer (disco de silício) no mundo. A Coreia tem outros 21%, praticamente dominando 70% do que há de memórias no mundo”, acrescenta. (Agência Brasil)