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Economia

Falta de chips deve afetar montadoras até 2023

Produção de veículos caiu 24,8% em outubro ante o mesmo mês de 2020

09 de Novembro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Foram fabricadas 177,9 mil unidades no mês passado.
Foram fabricadas 177,9 mil unidades no mês passado. (Crédito: DIVULGAÇÃO GM)

A falta de componentes eletrônicos se traduziu no mês passado no pior outubro da produção de veículos em cinco anos. No total, 177,9 mil unidades foram produzidas, segundo balanço divulgado ontem pela Anfavea, entidade que representa as montadoras. Em relação ao mesmo mês de 2020, a queda foi de 24,8%; ante setembro, houve alta de 2,6%.

Para a associação, a normalização da entrega de peças deve vir só em 2023. “O ano de 2022 continuará sendo de grandes desafios na questão da entrega de semicondutores”, disse o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes.

A previsão tem como base um acompanhamento periódico que vem sendo feito pela consultoria Boston Consulting Group (BCG) e que agora estima em mais de 5 milhões de unidades o total de veículos que deixarão de ser produzidos no mundo inteiro no ano que vem em razão da falta de componentes eletrônicos. A regularização completa do abastecimento de semicondutores, o item que para as fábricas de carros, não deve acontecer antes de 2023, segundo conclusão do estudo.

Moraes sustentou que o setor faz esforços para encerrar 2021 com número melhor de produção para atender o mais rápido possível os pedidos. Entre os principais clientes, a intenção é entregar mais de 70 mil carros para as locadoras nos últimos dois meses do ano, fechando o ano com um total de 400 mil veículos ao setor, de onde partiram as maiores reclamações públicas pela longa fila de espera.

A crise no abastecimento, no entanto, piorou com a greve dos caminhoneiros, ao dificultar a retirada de peças no porto de Santos, podendo levar a novas interrupções de produção nas montadoras num momento em que elas não conseguem recompor estoques, hoje suficientes para apenas 17 dias de venda, com menos de 100 mil veículos nos pátios de concessionárias e fábricas.

Mais afetadas pela escassez de componentes eletrônicos, as linhas de carros de passageiros tiveram no mês passado o pior outubro em produção dos últimos 20 anos. As fábricas de caminhões também são afetadas, mas, por consumirem semicondutores em menor escala, conseguem administrar a situação com menos prejuízo, tanto que neste ano a produção no segmento está sendo a maior desde 2013.

Luiz Carlos Moraes adiantou que a situação, que afeta tanto fábricas de carros quanto de caminhões e tratores agrícolas, pode levar a paradas de produção no setor.

Vendas

De janeiro a outubro, as vendas de veículos somaram 1,74 milhão de unidades, alta de 9,5% no comparativo interanual porque o choque da chegada da pandemia entre os meses de abril e junho do ano passado foi pesado. Ainda assim, a Anfavea adianta que essa diferença deve ser reduzida até dezembro.

Do lado das exportações, que somaram 29,8 mil veículos no mês passado, o balanço das montadoras mostra queda de 14,6% frente a outubro do ano passado. Contra setembro, houve alta de 26,1% nos embarques, e no ano o total exportado chega a 306,8 mil, 26,8% acima dos dez primeiros meses de 2020. (Estadão Conteúdo)