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Economia

Selic aumenta 1,5 ponto e vai a 7,75% ao ano

Com a alta de ontem, juros básicos da economia estão no maior patamar desde outubro de 2017

28 de Outubro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Decisão do Banco Central tenta conter a elevação de preços.
Decisão do Banco Central tenta conter a elevação de preços. (Crédito: MARCOS SANTOS / USP IMAGENS)

A inflação persistente e o aumento do risco fiscal, com a manobra do governo para tentar alterar o teto de gastos (regra que limita as despesas à inflação), levaram o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central a acelerar o ritmo de correção da Selic, que subiu 1,5 ponto porcentual e foi de 6,25% para 7,75% ao ano.

A taxa básica de juros não subia tanto em uma única reunião do Copom desde dezembro de 2002, quando passou de 22% para 25% ao ano. Com o anúncio de ontem, chegou agora a seu maior patamar desde outubro de 2017 (7,5%). Em comunicado, o Copom já indicou que deve fazer um novo ajuste da mesma magnitude na sua próxima reunião, em dezembro. Assim, a Selic encerraria o ano em 9,25%.

Um dos principais objetivos do BC é manter a inflação sob controle, e o instrumento usado para alcançar isso é a taxa de juros. Historicamente, juros altos ajudam a esfriar a economia. Mas a disparada dos preços não tem dado trégua, e a previsão é de que a inflação feche o ano próxima de 9% -- acima do teto da meta (de 5,25%).

O Copom diz isso no seu comunicado, ao repetir que “os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação”. Um outro componente, porém, entrou na conta: a tentativa de mexer no teto de gastos, abrindo espaço para mais despesas do governo em 2022 -- ano de eleições.

Para o Banco Central, a manobra pesou na deterioração das expectativas de inflação, mesmo com os principais indicadores das contas públicas apresentando melhora nos últimos meses. “O Comitê avalia que recentes questionamentos em relação ao arcabouço fiscal elevaram o risco de desancoragem das expectativas de inflação, aumentando a assimetria altista no balanço de riscos.”

O BC acertou em elevar a Selic porque já estava atrás da curva da inflação, disse o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini. Ele considera que há outra questão, de que o BC não pode fazer tudo sozinho e, ao tentar controlar a inflação, acaba correndo na contramão do crescimento mundial.

A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. (Estadão Conteúdo, Agência Brasil e Redação)