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Economia

Governo cancela anúncio do programa Auxílio Brasil

Valor gerou repercussão negativa da equipe do ministro Paulo Guedes

20 de Outubro de 2021 às 00:01
Estadão Conteúdo e Redação
Ministro da Cidadania, João Roma
Ministro da Cidadania, João Roma (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO / ARQUIVO JCS (21/6/2021))

O Ministério da Cidadania cancelou o anúncio do programa Auxílio Brasil marcado para ontem, em meio a uma forte reação negativa do mercado à decisão de colocar parte do pagamento do benefício que vai substituir o Bolsa Família fora do teto de gastos. O evento de lançamento do Auxílio Brasil havia sido marcado para as 17h. Ainda não há uma nova data para o anúncio oficial do programa.

O governo pretendia lançar o programa assistencial para substituir o Bolsa Família com valor de R$ 400 em 2022, ano em que o presidente da República, Jair Bolsonaro, buscará a reeleição. Parte desse valor, cerca de R$ 100, seria contabilizado fora do teto de gastos, em uma vitória da ala política do governo sobre a equipe econômica e gerando repercussão negativa na equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes.

O valor extrateto é estimado em R$ 30 bilhões. A notícia de que a equipe econômica cederia à ala política afetou o humor do mercado financeiro durante todo o dia.

Após o cancelamento do evento que lançaria o novo Auxílio Brasil no Palácio do Planalto, os ministros da Casa Civil, Ciro Nogueira, e da Cidadania, João Roma, estiveram com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para discutir os detalhes do texto.

Após o encontro, os ministros retornaram ao Palácio do Planalto, onde uma nova reunião deve ser feita para ajustar o texto. “Estamos ajustando, queremos estar com isso ajustado até o final do dia”, afirmou Ciro.

A reunião da Câmara também contou com as presenças dos deputados Hugo Motta (Republicanos-PB), relator da PEC dos precatórios, e Marcelo Aro (PP-MG), relator da medida provisória do Auxílio Brasil.
A equipe econômica quer limitar o valor extrateto a R$ 30 bilhões. Questionado sobre essa cifra, o ministro João Roma disse que “não há valores definidos ainda”.

Roma disse ainda que era preciso conversar com o presidente da Câmara sobre os detalhes, uma vez que envolve mudanças na PEC. “Estamos chegando aos detalhes finais de uma composição que viabilize (o auxílio)”, disse aos jornalistas ao deixar a Presidência da Câmara. ‘Pensamos em anunciar, mas não validamos ainda”, afirmou.

O presidente da Rede Brasileira de Renda Básica, Leandro Ferreira, disse ontem que o atraso no anúncio do Auxílio Brasil confirma o improviso do governo Bolsonaro e seu desrespeito com a dignidade das pessoas sem renda no Brasil.

Para ele, é urgente se chegar a um caminho para o programa social do governo que atinja imediatamente quem hoje não tem recursos para sustentar seu lar. “E, infelizmente, milhões de brasileiros vivem esse desespero todos os dias”, alertou.

Segundo o presidente da Rede, a previsibilidade que os mercados financeiros desejam para si deve ser garantida também aos mais pobres para que as cenas de fome que têm assustado o país não se repitam a cada semana. (Estadão Conteúdo e Redação)