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Economia

Diesel sobe 8,9% e alta neste ano é de 51%

Alta do combustível tem impacto na inflação e caminhoneiros pedem atualização de valor mínimo do frete

29 de Setembro de 2021 às 00:01
Estadão Conteúdo [email protected]
Estatal informou que repassou parte da elevação dos preços internacionais do petróleo.
Estatal informou que repassou parte da elevação dos preços internacionais do petróleo. (Crédito: GERALDO FALCÃO / PETROBRAS)

A Petrobras anunciou ontem reajuste de 8,9% para o óleo diesel. A alta já chega hoje ao bolso do consumidor. Donos de postos avisaram que vão repassá-la imediatamente. No ano, o aumento acumulado do diesel chega a 51%.

“O problema é que, quando a Petrobras sobe o preço, o efeito é em cadeia. O ICMS é calculado por uma alíquota sobre o preço. Então, automaticamente, aumenta o imposto. A tendência é ter repasse na revenda porque a alta de preços da Petrobras gera efeito em cascata. Não tem jeito”, afirmou Rodrigo Leão, pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).

Caminhoneiros voltaram a ameaçar parar o País em uma greve da categoria. Em uma situação semelhante em fevereiro deste ano, Bolsonaro demitiu o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco.
Paulo Miranda, presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis), disse que os donos de postos não têm como assumir o prejuízo e devem aumentar os preços hoje.

O anúncio da alta no diesel foi feito no dia seguinte à convocação de uma entrevista coletiva, às pressas, pela Petrobras, para dizer que não é a “vilã” dos altos preços dos combustíveis. Joaquim Silva e Luna, presidente da estatal, abriu a entrevista afirmando que não vai alterar a política de preços de reajustes, o PPI. “Continuamos trabalhando da mesma forma, acompanhando o mercado internacional e o câmbio”, afirmou.

A fala do general contrariou Bolsonaro, que ontem mesmo, pela manhã, procurou o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, para dizer que quer “melhorar ou diminuir” os preços dos combustíveis. O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), também reclamou e convocou uma reunião com líderes para hoje para discutir alternativas. Na semana passada, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também se queixou da pressão dos combustíveis sobre a inflação.

Entre os consumidores, a maior pressão vem dos caminhoneiros. “Estamos avisando que estamos no limite. O combustível está subindo sucessivamente. Precisamos tomar uma atitude mais enérgica”, disse Wallace Landim, conhecido como Chorão, presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava). “O presidente precisa parar de transferir a responsabilidade e fazer política”, acrescentou. Além de analisarem nova greve, os caminhoneiros pedem a atualização do piso mínimo do frete rodoviário.

Uma revisão do frete pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) gera efeito direto na economia, pois a maioria da logística brasileira é rodoviária. Como o diesel não é muito consumido em carros de passeio, sua variação de preço não tem muito peso no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE. O prejuízo é indireto, segundo André Braz, coordenador adjunto do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O gás de cozinha, por exemplo, tende a ficar mais caro, porque boa parcela do custo do seu comércio é de transporte. O mesmo vale para os alimentos.

Ao anunciar a alta do diesel, a Petrobras sinalizou que há espaço para novos reajustes. Em nota, a estatal afirmou que a revisão reflete apenas “parte da elevação nos patamares internacionais de preços de petróleo e da taxa de câmbio”. (Estadão Conteúdo)