Economia
Usina de Belo Monte opera com meia turbina
A ameaça de apagão que o Brasil atravessa evidencia a limitação de um dos principais projetos de infraestrutura do País para enfrentar a seca atual. Erguida com investimentos de quase R$ 40 bilhões, Belo Monte, a quarta maior hidrelétrica do mundo, com capacidade para gerar 11.233 megawatts (MW), opera só com meia turbina desde o início de agosto.
Isso significa produzir cerca de 300 MW por dia -- ou 2,67% da potência total. Construída sem reservatório, a fio d’água, a usina funciona conforme o regime hidrográfico do rio Xingu, que varia 25 vezes entre a cheia e a seca -- e este é o período do ano de auge da seca.
Hoje, Belo Monte está com 18 turbinas paradas. E isso deve se manter até o fim de novembro ou meados de dezembro, quando o rio deve voltar a encher. Dependendo do volume de chuvas, em janeiro a hidrelétrica -- que tem entre os sócios Eletrobras, Neoenergia, Cemig, Vale e os fundos Petros e Funcef -- já estará produzindo quase sua capacidade total.
Desde que foi concluída, a usina tem produzido menos do que os especialistas calculavam para o período seco. Na época da construção, esperava-se que, durante a estiagem, ela produzisse cerca de 690 MW médios. Durante o ano, a expectativa era produzir 4 mil MW médios. No ano passado, ficou em 3.293 MW médios e, em 2019, em 3.027 MW médios, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
“Geramos durante seis meses por ano, que é quando há volume de água no rio. Mas essa é a configuração do projeto”, diz o diretor-presidente da concessionária Norte Energia, Paulo Roberto Ribeiro Pinto. Mesmo assim, ele afirma que Belo Monte tem tido um papel importante na recuperação dos demais reservatórios do País no período chuvoso e representa 7% da matriz brasileira.
A construção de usinas a fio d’água sempre foi motivo de grandes discussões no País. O modelo foi adotado para reduzir os impactos ambientais e tornar viável a construção das usinas. (Estadão Conteúdo)