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Economia

Aumento do IOF e gigante chinês derrubam o Ibovespa

18 de Setembro de 2021 às 00:01
Estadão Conteúdo [email protected]
Ações de mineradoras também tiveram queda devido à China.
Ações de mineradoras também tiveram queda devido à China. (Crédito: DIVULGAÇÃO VALE)

A elevação temporária de alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para bancar as despesas do novo Bolsa Família agravou as perdas na Bolsa brasileira (B3) em uma semana que já estava difícil por conta da tensão nos mercados internacionais. O Ibovespa (principal indicador da B3) voltou ao patamar de 9 de março, ao despencar 2,07% ontem, aos 111.439,37 pontos -- na semana, acumulou perda de 2,49%. O dólar subiu 0,32%, cotado a R$ 5,2821.

O Ibovespa, ao emendar a quarta perda da semana, elevou agora o recuo de setembro a 6,18%, a caminho de seu pior desempenho mensal desde março de 2020, então no auge do pânico de mercado frente ao início da pandemia, quando tombou 29,90% antes de iniciar reação, entre abril e julho seguintes. No ano, recua 6,37%.

“O aumento do IOF vem numa hora inadequada: a economia apresenta sinais de acomodação do ritmo de crescimento, e provável queda desse ritmo no ano que vem”, diz Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi. “O momento é de ajudar a economia porque, além de uma inflação elevadíssima, e de pressões de custo de energia elétrica, nós temos naturalmente o ajuste da taxa Selic para cima, para tentar combater a inflação do ano que vem e trazê-la para a meta. É uma política equivocada aumentar o custo (de crédito) na economia com inserção de tributos”, acrescenta.

A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) entende que o aumento do IOF “dificulta o processo de recuperação da economia” e que, para enfrentar os desafios fiscais que têm adiante, o governo deveria, em vez de aumentar impostos, “perseverar na aprovação da agenda de reformas estruturais em tramitação no Congresso”. As ações do setor financeiro despencaram, com Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander registrando baixas de 1,12%, 3,47%, 2% e 2,22% cada.

“O movimento mais forte de alta do dólar pela manhã mostra o quão sensível a taxa de câmbio está à questão política”, afirma o head de câmbio da Acqua-Vero Investimentos, Alexandre Netto. “O aumento do IOF faz parte de um conjunto de medidas que reforçam a percepção de que o presidente Bolsonaro, que tem aprovação cada vez pior, pode embarcar num populismo fiscal”, diz.

No exterior, o temor em relação aos efeitos sistêmicos da crise da Evergrande, gigante do setor imobiliário na China cuja solvência é questionada, levou à correção nos preços do minério de ferro, que já vinham sendo impactados por iniciativas regulatórias das autoridades chinesas para cortar a produção de aço.

Ontem, a tonelada de minério teve perda de quase 5%, negociada a US$ 101,95, depois de ter vindo de queda nas casas de 8% e de 4%, respectivamente, nas duas sessões anteriores.

Em resposta, ações vinculadas ao insumo tiveram forte queda da Bolsa. Vale cedeu 2,02%, R$ 86,15, enquanto Gerdau PN teve baixa de 6,59%, Usiminas, de 5,31%, e CSN, de 4,73%.

Também afetadas, em dia negativo para as cotações do petróleo, as ações Petrobras ON e PN despencaram, com variações de 4,57% e de 4,48%, respectivamente. (Estadão Conteúdo)