Economia
Mercado reduz projeções da atividade econômica
Derreteram rapidamente as projeções de bancos e consultorias para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), e já há apostas de alta só de 0,4% em 2022. Não está descartada a possibilidade de uma pequena recessão no rastro do aperto maior de juros que o Banco Central (BC) está tendo de fazer para debelar a alta persistente dos preços.
O cenário de esfriamento da atividade econômica é uma ducha de água fria para o presidente Jair Bolsonaro, que já esperava chegar ao ano eleitoral com o PIB em franca recuperação.
Essa segunda forte onda de revisão das previsões de PIB foi puxada ontem pelo Itaú Unibanco, que cortou numa tacada um ponto porcentual da sua estimativa de crescimento para 2022, de 1,5% para 0,5%.
A consultoria MB Associados, com larga experiência no acompanhamento do “Brasil real”, foi ainda mais agressiva no corte da previsão do PIB, que passou de 1,4% para 0,4%. A XP Investimentos reduziu de 1,7% para 1,3%, e o Banco BV de 1,8% para 1,5%.
Na última segunda, o BTG já tinha baixado a previsão para o próximo ano de 2,2% para 1,5%, com juros mais altos, por volta de 8,5%, para reduzir a alta de preços. Se a taxa Selic subir além de 8,5%, o BTG avalia que terá de reduzir mais uma vez o crescimento de 2022.
O Santander também está em processo de revisão do PIB, com projeção nova marcada para sair amanhã. O banco está com uma estimativa atual de alta de 2%, que deve cair. Até anteontem, a pesquisa Focus do BC (feita com os analistas do mercado financeiro) apontava uma alta do PIB mais próxima de 2%, em 1,72%.
Pressionado pelo mercado e pelo governo com a disseminação e a persistência da inflação, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que vai levar a Selic “aonde precisar” para controlar a alta de preços, mas que não vai mudar o “plano de voo de política monetária” a cada número novo de alta frequência de inflação divulgado.
“Não tem puxador de PIB. Não é fora de propósito uma pequena recessão no ano que vem. Não dá mais tempo para mudar”, disse o economista José Roberto Mendonça de Barros, da consultoria MB Associados.
A agricultura, que teve crescimento no primeiro trimestre porque a safra de verão da soja foi muito boa, já não responde da mesma forma. Para complicar, seca e geadas pioraram o quadro. (Estadão Conteúdo)