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Economia

Riscos ‘desajustam’ estimativas de inflação

05 de Setembro de 2021 às 00:01
Estadão Conteúdo [email protected]
Custo da energia elétrica poderá ter grande variação.
Custo da energia elétrica poderá ter grande variação. (Crédito: FERNANDO FRAZÃO / ARQUIVO AGÊNCIA BRASIL (15/7/2021))

O economista para Brasil do Barclays, Roberto Secemski, atribuiu a imobilidade das projeções para a inflação de 2022 a um balanço de riscos que compensa uma eventual normalização da bandeira tarifária de energia elétrica. Secemski ressaltou que a elevação atual, para o patamar “escassez hídrica”, ainda não é suficiente para remunerar os custos de geração. Dessa forma, os reajustes anuais podem ser maiores em 2022, mesmo com a bandeira em nível vermelha 1 ou vermelha 2.

“Ainda não sabemos como o ciclo hidrológico vai se desenrolar. E tem a questão do câmbio, que tende a ser mais volátil em ano eleitoral e afeta combustíveis. Isso desencoraja revisões para baixo neste momento”, disse ele.

Secemski acrescentou que a reabertura impulsiona serviços e pode causar pressão adicional. A preocupação se dá em um cenário de Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) que pode atingir pico no acumulado de 12 meses entre 9,5% e 10,0%, nos próximos dois meses. O economista lembrou que os preços do setor de serviços têm forte componente inercial, outro elemento de risco para 2022.

Além disso, Secemski citou que a forte alta da inflação ao produtor ainda não se refletiu totalmente na dinâmica dos preços de bens industriais. “O risco para baixo na inflação do ano que vem é um só, de desaceleração maior da economia, com alta da taxa de juros e BC disposto a jogá-la acima da taxa neutra.”

O economista participou na sexta-feira de painel no evento Finanças Mais, organizado pelo Grupo Estado e pela Austin Rating, que contou com a presença também do economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato, e do diretor da Moodys local no Brasil, Carlos Prates. (Estadão Conteúdo)