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Economia

Café deve subir 40% por safra menor e exportação

Projeção de aumento no preço, até o fim de setembro, é da Abic

19 de Agosto de 2021 às 00:01
Agência Brasil
Seca e geadas prejudicaram a produção de café, que já seria baixa pela bienalidade.
Seca e geadas prejudicaram a produção de café, que já seria baixa pela bienalidade. (Crédito: ERICK PINHEIRO / ARQUIVO JCS (21/5/2019))

O preço do café que chega à mesa do consumidor deve aumentar entre 35% e 40% até o fim de setembro. A estimativa é da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), que aponta uma série de fatores para explicar a iminente alta do preço, como a queda da produtividade devido às condições climáticas adversas e a maior demanda do mercado externo.

“Este ano, há uma soma de fatores como não se via desde o início da década de 1990. O dólar está extremamente alto, o que, ao mesmo tempo que eleva os custos de produção, amplia a demanda externa ao tornar o produto brasileiro financeiramente mais atraente. Além disso, após colhermos uma excelente safra em 2020, a produção, que este ano já seria menor, foi prejudicada pela falta de chuvas e por sucessivas geadas”, disse o diretor-executivo da Abic, Celírio Inácio, apontando as condições climáticas como o principal fator para a redução da produção.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra atual não deve ultrapassar 48,8 milhões de sacas de 60 kg de grãos. Se atingida, esta marca representará um resultado 22,6% inferior ao da temporada anterior. Situação que, conforme alertam os técnicos da empresa pública, pode se agravar caso a seca em regiões produtoras se prolongue por mais tempo.

Segundo Inácio, os produtores já esperavam colher um volume de grãos menor do que o do ano passado. Isto porque uma das características do cultivo do café é a bienalidade, ou seja, o fato de intercalar um ano de alta produtividade com outro de menor volume. Contudo, a intensidade da seca e geadas que atingiram as principais regiões de cultivo do País obrigaram o setor a reduzir ainda mais suas expectativas iniciais.

Os Estados mais afetados são Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Em algumas localidades, principalmente do sul mineiro, lavouras foram inteiramente destruídas por geadas, fato que motivou o Conselho Monetário Nacional (CMN) a reservar R$ 1,32 bilhão para linhas especiais de crédito do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) destinadas a socorrer produtores prejudicados pelas geadas.

A dimensão exata das consequências para o setor cafeeiro da seca e das fortes geadas registradas este ano ainda está sendo avaliada. Contudo, em nota, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informou que levantamentos preliminares indicam que só as geadas atingiram cerca de 200 mil hectares de cafezais (cada hectare corresponde, aproximadamente, a um campo de futebol oficial).

Além dos estragos diretos, as condições climáticas adversas geram incertezas quanto ao desempenho da próxima safra. O que também contribuiu para a alta dos preços da commodity. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-USP), na terça-feira a saca do café arábica tipo 6 (entregue na cidade de São Paulo) estava sendo comercializada a R$ 1.032,50. Há um ano, a mesma saca era vendida a R$ 566,51.

“Com tudo isto, a indústria é pressionada a repassar o preço ao varejo”, acrescentou Inácio, destacando que, entre dezembro de 2020 e julho de 2021, os custos da matéria-prima utilizada no plantio aumentou, em média, 82%. “Este aumento de 35% a 40% que estamos estimando é considerando o momento atual. Se não tivermos chuvas dentro dos próximos dois meses, quando ocorre a florada, isto tende a ser ainda maior.” (Agência Brasil)