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Economia

BRF e JBS investem nas proteínas à base de plantas

Consumo de "carnes vegetais" cresce rapidamente no Brasil e no mundo

01 de Agosto de 2021 às 00:01
Estadão Conteúdo [email protected]
Vendas do segmento aumentam em média 11% por ano.
Vendas do segmento aumentam em média 11% por ano. (Crédito: DIVULGAÇÃO)

O mercado de proteínas feitas à base de plantas, ou plant-based, cresce de forma acelerada no Brasil e no mundo, atraindo investimentos de gigantes do setor alimentício, como BRF, JBS e Marfrig. A perspectiva é de que o mercado atinja entre US$ 100 bilhões e US$ 370 bilhões no mundo até 2035, com participação nos negócios globais de carnes de 7% a 23%, segundo projeções de instituições financeiras compiladas pelo The Good Food Institute (GFI).

Um estudo feito pela empresa afirma que o brasileiro está diminuindo o consumo de carnes tradicionais e optando por proteínas alternativas, em um movimento conhecido como flexitarianismo. “Este se consolidou como um influente grupo de consumo, crescendo de 29% dos brasileiros em 2018 para 50% em apenas dois anos e fazendo com que a indústria de proteínas alternativas brasileira se desenvolvesse rapidamente no último ano”, afirma o GFI.

No Brasil, de 2015 a 2020 as vendas de produtos vegetais substitutos de proteína animal cresceram a uma taxa anual de 11,1%, de acordo com levantamento da empresa de pesquisa Euromonitor publicado no início deste ano. No período, o faturamento passou de R$ 246,7 milhões para R$ 418,7 milhões e a perspectiva é de que alcance a marca de R$ 666,5 milhões até 2025.

De olho nessa oportunidade, empresas de alimentos começaram a investir na tecnologia, por meio da aquisição de foodtechs do setor ou mesmo com desenvolvimento próprio, contando com parcerias e estudos conjuntos com centros de pesquisa. É o caso da BRF, que anunciou ainda no ano passado, como parte do seu plano de triplicar o faturamento até 2030, a meta de liderar o desenvolvimento do mercado de plant-based no Brasil nos próximos anos. Para isso, a principal estratégia adotada pela companhia é estimular um ecossistema de inovação e colaboração na cadeia como um todo.

“Existe uma crescente demanda por proteína no mundo, e acreditamos que isso leva o mercado a revisitar as soluções existentes hoje. A única certeza que nós temos é de que as tendências de consumo ainda vão mudar bastante e queremos estar prontos para liderar essas mudanças‘, disse o vice-presidente de Novos Negócios da BRF, Marcel Sacco.

A empresa entrou no mercado de proteínas alternativas em março do ano passado, com o lançamento de uma opção de hambúrguer e de nuggets feitos à base de plantas. De acordo com o executivo, o primeiro passo foi importar esses produtos da Holanda para agilizar os lançamentos, enquanto a tecnologia nacional estava em desenvolvimento. Agora toda a produção é feita em território brasileiro, com os produtos similares ao frango sendo fabricados em Cotia (SP), e a carne moída, quibe e hambúrguer vegetais produzidos em Blumenau (SC).

Embora a base de vendas do ano passado ainda seja pequena para fins de comparação, a BRF espera, em 2021, multiplicar por nove o volume de produtos plant-based vendido em 2020. No ano passado, a categoria girou entre 500 toneladas e 1 mil toneladas por mês. A meta será viabilizada não apenas pela maior penetração dos produtos nas casas dos consumidores, mas também com o lançamento de mais variedades.

JBS

No caso da JBS, a estratégia é apostar na parceria ou aquisição de empresas do mercado de carnes alternativas. A JBS identificou o segmento como tendência global há alguns anos, o que a levou a ser a primeira no Brasil a lançar produtos de carnes de origem vegetal: a linha Incrível, da Seara, lançada em dezembro de 2019. Hoje, a operação está também nos Estados Unidos, por meio da Planterra, com a marca OZO, e na Europa, com a Vivera.

O diretor executivo de alimentos preparados da Seara, João Campos, disse que a empresa espera um forte crescimento no mercado de plant-based nos próximos anos.

Na avaliação de Campos, o segmento de carnes vegetais “tem um papel importante de ajudar a prover todas as proteínas que serão demandadas nos próximos anos, conforme as estimativas de aumento populacional”. Segundo ele, novas opções de proteínas vão ganhar cada vez mais relevância nos próximos anos. (Julliana Martins - Estadão Conteúdo)