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Economia

País tem 14,7 milhões de desempregados

Menos da metade das pessoas em idade de trabalhar está ocupada

01 de Julho de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
IBGE: taxa se manteve no trimestre encerrado em abril.
IBGE: taxa se manteve no trimestre encerrado em abril. (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO / ARQUIVO JCS)

A taxa de desemprego no País se manteve no patamar recorde de 14,7% no trimestre encerrado em abril, mesmo resultado visto em março, segundo pesquisa divulgada ontem pelo IBGE. Com os sinais de recuperação de parte da economia, houve um aumento no número de pessoas em busca de emprego, mas o mercado de trabalho ainda não conseguiu gerar vagas para absorver a mão de obra disponível, explicou Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do órgão.

O número de desempregados no período foi calculado em 14,761 milhões de trabalhadores, quase meio milhão a mais em apenas um trimestre. Em relação a abril de 2020, o contingente de desempregados aumentou 15,2%, com 1,950 milhão de pessoas a mais em busca de uma nova colocação.

O nível de ocupação no País fechou o trimestre móvel encerrado em abril em 48,5%, ficando abaixo de 50% desde o trimestre encerrado em maio do ano passado. Ou seja, menos da metade da população em idade para trabalhar está ocupada. O menor nível foi verificado no trimestre encerrado em julho de 2020, quando o nível ficou em 47,1%.

“Dificilmente, você vai resolver nos quatro primeiros meses de 2021 tudo o que ocorreu em 2020”, afirmou Adriana, em referência ao impacto da pandemia de Covid na economia, que obrigou autoridades a adotar medidas de isolamento social.

Em relatório distribuído a clientes, o economista Alberto Ramos, do banco Goldman Sachs, afirmou que a taxa de desemprego “provavelmente vai continuar em dois dígitos por um período longo de tempo”. “É um número bem preocupante, que mostra de alguma forma a fragilidade do mercado de trabalho”, disse ele. “Mesmo com a volta do auxílio emergencial em abril, o montante pago nessa nova rodada é menor do que em 2020, o que não segura as pessoas em casa. Mesmo com a pandemia forte em abril, as pessoas precisam estar na rua para recompor renda”, acrescentou o economista, que espera também um crescimento no número de pessoas trabalhando de forma precária nos próximos meses.

Considerando todos os brasileiros subutilizados, faltou trabalho para 33,252 milhões de pessoas no País no trimestre até abril passado. A conta inclui quem busca emprego e quem está trabalhando menos horas do que gostaria e poderia, além das pessoas que não estão procurando vaga, mas estão disponíveis para trabalhar -- como os chamados desalentados.

Segundo Adriana, do IBGE, o maior recrutamento de mão de obra depende de um conjunto de fatores, já que o mercado de trabalho responde a estímulos econômicos, ao consumo das famílias e concessões de crédito. As exceções são os segmentos menos afetados pela crise provocada pela pandemia, como a agricultura e os serviços de tecnologia da informação. 

Governo quer ‘gatilho’ para corte de jornada

Bianco é secretário de Previdência e Trabalho. - FABIO POZZEBOM / ARQUIVO AGÊNCIA BRASIL (2/3/2020)
Bianco é secretário de Previdência e Trabalho. (crédito: FABIO POZZEBOM / ARQUIVO AGÊNCIA BRASIL (2/3/2020))

O governo negocia com o Congresso Nacional uma mudança nas medidas que instituíram regras trabalhistas mais flexíveis na crise da Covid-19 e no programa que permite redução de jornada e salário ou suspensão de contrato. A ideia é deixar na lei um gatilho para o acionamento dessas ações emergenciais, caso necessário. A equipe econômica também discute maneiras para flexibilizar regras e reduzir custos de contratação, para impulsionar a geração de vagas.

“Se pudermos apertar um botão no futuro para acessar o programa, será muito importante”, disse o secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco, sobre o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, o benefício pago para quem teve o salário cortado ou o contrato suspenso na crise. “Estamos em momento de elaboração para termos um botão para momentos de calamidade”, reforçou.

Bianco salientou que, se for o entendimento do Congresso, a intenção é a de tornar perenes as duas MPs que permitiram o programa que autoriza a redução de jornada e salário e a suspensão temporária dos contratos de trabalho e as medidas que flexibilizam regras trabalhistas sobre férias, feriados, bancos de horas e FGTS.

Para Bianco, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) nem sempre se aplica às novas formas de contratação. (Estadão Conteúdo, Agência Brasil e Redação)

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