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Economia

Reservatórios do Sudeste recuam a 29%

ONS alerta para redução de água disponível às usinas hidrelétricas, pelo menos até novembro

25 de Junho de 2021 às 00:01
Estadão Conteúdo e Redação
BC refaz cálculos para a inflação e Selic diante de risco de crise energética.
BC refaz cálculos para a inflação e Selic diante de risco de crise energética. (Crédito: Luiz Setti / Arquivo JCS)

Sem chuvas nos últimos dias e sem previsão de melhora nos próximos meses, os reservatórios das usinas hidrelétricas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste (SE/CO) caíram em média na quarta-feira, dia 23, para abaixo do patamar de 30% que mantinham desde o início do mês, chegando a 29,8%, segundo dados do Operador Nacional do Sistema (ONS). Em contraste, os reservatórios do Norte do País estavam 83,3% cheios; do Sul, em 61,5%, e 59,8% do Nordeste (NE). Na média, o Sistema Interligado Nacional (SIN) registrava 40,1% de armazenagem de energia nas hidrelétricas.

O subsistema SE/CO representa 70,1% do total de reserva energética do setor, seguido pelo subsistema NE, com 17,8%; subsistema Sul, com 6,9%; e 5,2% do Norte, segundo cartilha sobre a situação hídrica do País publicada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

“Após um período úmido com poucas chuvas, estamos no início da estação seca e os reservatórios estão com níveis de armazenamento baixos, o que acende um sinal de alerta, visto que a água armazenada precisará ser utilizada tanto para a geração de energia quanto pelos demais setores usuários. Sendo assim, a expectativa é de redução dos níveis dos reservatórios até novembro, quando se espera o início do próximo período úmido”, explica a EPE na Cartilha.

Para especialistas, o problema deve se agravar até novembro, quando recomeça o período chuvoso, e se as chuvas ficarem abaixo da média histórica, como vem acontecendo nos últimos sete anos, será difícil de escapar de um racionamento em 2022, ano de eleições presidenciais.

Inflação e Selic

Com risco de nova crise energética, o Banco Central refaz cenários para definição da taxa básica de juros. De um lado, a inflação vai ficar pressionada com o aumento na taxa extra embutida na conta de luz, após reajuste na bandeira vermelha ainda a ser definido, com reflexos para o ano que vem. Por outro lado, diretores e técnicos do BC também avaliam se um eventual racionamento de energia para evitar um apagão pode aliviar a inflação e desacelerar o crescimento.

Ambas as possibilidades são levadas em conta para definir o rumo da taxa básica de juros, segundo apurou o Estadão/Broadcast. O BC iniciou em março o processo de alta da Selic (a taxa básica de juros) para segurar a inflação. Desde então, a taxa saltou de 2%, o menor nível histórico, para 4,25% ao ano.

A perspectiva de a bandeira vermelha nível 2, hoje em R$ 6,24 a cada 100 quilowatts-hora (kWh), ser reajustada para além de R$ 7,57 por 100 kWh pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estava fora do radar da instituição. Foi apenas na semana passada que o órgão regulador reconheceu que será necessário aumentar o valor além do proposto na consulta pública, que previa alta de 21%. Isso será incorporado pelo Banco Central a partir de agora.

No início do mês, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, reconheceu que a falta de chuva em volume necessário poderia causar impactos não apenas na energia, mas também no preço dos alimentos e, consequentemente, na definição da política monetária (ou seja, na calibragem dos juros para o controle da inflação). (Estadão Conteúdo e Redação)