Economia
Financiamento imobiliário dispara e bate recorde
Apesar do início da alta nos juros, expansão deve continuar nos próximos meses
Depois de crescer 57,5% no ano passado -- com R$ 124 bilhões liberados pelos bancos --, o volume de financiamentos imobiliários deu um novo salto de 113% no primeiro trimestre de 2021, na comparação com os três primeiros meses do ano passado. De acordo com os dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), as operações entre janeiro e março chegaram ao valor recorde de R$ 43,1 bilhões, com 187,6 mil unidades vendidas.
E a avaliação é de que, mesmo com o início do processo de alta de juros no Brasil e da escalada dos preços de materiais de construção, a expansão do setor imobiliário deve continuar nos próximos meses. Em meio à forte demanda dos brasileiros pela casa própria ou por novos imóveis, o setor já projeta crescimento superior a 30% nos financiamentos para este ano, ainda que a economia do País esteja sendo afetada pela segunda onda da pandemia de Covid-19.
O bom desempenho registrado em março reforçou o otimismo da Abecip, que atualizou sua projeção de crescimento neste ano de 27% para 34%. A expectativa é de que até R$ 170 bilhões sejam usados neste ano para financiar a compra de imóveis novos e usados. Para a presidente da entidade, Cristiane Portella, vários fatores impulsionam a aquisição de moradias, a despeito da crise econômica.
“Em primeiro lugar, ainda há um déficit habitacional muito grande no Brasil, o que significa que há uma demanda enorme para a aquisição da primeira casa ou a troca pela segunda. E também tivemos uma redução importante nos juros”, afirma, em referência à queda verificada em 2020.
Segundo Cristiane, em financiamentos longos, de 20 ou 30 anos, qualquer redução na taxa de juros tem impacto considerável no valor da prestação, que passa a caber no bolso do comprador. “A conjuntura atual colocou muito mais pessoas no jogo, em condição de comprar um imóvel ou mudar para um maior”, avalia.
A cuidadora de idosos Maria Sonia Carvalho da Silva, de 47 anos, aproveitou o juro baixo para comprar um apartamento na planta da MRV, em Araçatuba, em meados de abril. “As parcelas ficaram menores do que se eu pagasse aluguel”, diz. Ela usou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para a entrada e conseguiu um financiamento da Caixa para comprar o imóvel de 49 metros quadrados de R$ 130 mil, que deve ser entregue entre março e abril de 2022.
Durante as buscas por um apartamento para alugar no bairro de Santa Cecília, em São Paulo, o professor de inglês Igor Ferreira Lobato, de 29 anos, percebeu que, com as condições melhores de financiamento, poderia comprar um imóvel. ‘Com as minhas economias e o FGTS, eu tinha o suficiente para a entrada de um apartamento de até R$ 400 mil‘, conta. A busca deu certo e, em fevereiro, ele fechou a compra de um apartamento de 85 m2, por R$ 290 mil. (Estadão Conteúdo e Redação)