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Covid-19

Paulo Guedes diz que ‘chinês’ criou a Covid-19

Mais tarde, o ministro da Economia afirmou que usou uma "imagem infeliz"

28 de Abril de 2021 às 00:01
Estadão Conteúdo e Redação
Fala ocorreu sem Guedes saber que estava sendo gravado.
Fala ocorreu sem Guedes saber que estava sendo gravado. (Crédito: FABIO RODRIGUES POZZEBOM / ARQUIVO AGÊNCIA (25/2/2021))

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse ontem, sem saber que era gravado, que “o chinês” criou a Covid-19 e ainda produziu vacinas menos eficazes do que as desenvolvidas por farmacêuticas dos Estados Unidos. A fala de Guedes, durante reunião do Conselho de Saúde Suplementar, ecoa uma teoria difundida nas redes sociais de que a China desenvolveu o vírus em laboratório com interesses econômicos.

Além de Guedes, estavam na reunião do conselho os ministros da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos; da Saúde, Marcelo Queiroga; e da Justiça, Anderson Torres; além de representantes da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Nenhum dos ministros presentes fez comentários ao ouvir as declarações de Guedes.

À noite, o ministro da Economia tentou se desculpar: disse que usou uma “imagem infeliz” ao afirmar que chineses criaram a Covid. Guedes disse ainda que o ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto Franco França, faria contato com a Embaixada da China a fim de desfazer o ‘mal entendido‘.

Parte da reunião foi transmitida em redes sociais do Ministério da Saúde. O vídeo foi interrompido após os ministros perceberem a gravação, e as imagens foram retiradas do ar. Segundo apurou o Estadão, Ramos afirmou durante a reunião preferir a vacina de Oxford/Astrazeneca à Coronavac, desenvolvida pela chinesa Sinovac e entregue no Brasil pelo Instituto Butantan, órgão do governo de São Paulo. Ramos, de 64 anos, foi imunizado no dia 18, segundo ele, com a vacina de Oxford. Guedes, que tem 71 anos, recebeu dose da Coronavac no mês passado.

As falas dos ministros ocorreram no dia em que foi instalada, no Senado, a CPI da Covid, que vai investigar ações e omissões do governo federal durante a pandemia, o que inclui a aquisição de imunizantes.

Manifestações semelhantes às feitas por Guedes levaram à queda de Ernesto Araújo do Ministério de Relações Exteriores. A permanência do então chanceler no cargo se tornou inviável por prejudicar as relações com os chineses, principalmente no momento em que o País precisa de vacinas e de matérias-primas dos asiáticos. Polêmicas com os chineses envolvendo Araújo foram apontadas como motivo para o atraso do envio de produtos ao País

Ainda na reunião, Guedes disse que o Sistema Único de Saúde (SUS) é ineficiente e defendeu o uso da rede privada para atender pacientes de Covid-19. O encontro do Conselho de Saúde Suplementar define justamente regras ao setor coberto por planos de saúde. (Estadão Conteúdo e Redação)