Clima
Cidade de São Paulo registra maior vendaval da história
Ventos atingiram 98 km/h, maior velocidade desde o início da medição, em 1963
A cidade de São Paulo registrou o maior vendaval da história na quarta-feira (10). A velocidade dos ventos — que chegou a 98 km por hora na Lapa, na zona oeste —, nunca tinha sido aferida pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) desde o início das medições, em 1963.
“São Paulo, pelos registros, desde 1963 não tinha rajadas tão intensas em uma condição de tempo firme desde o início das medições. As medições começaram pelo Instituto Nacional de Meteorologia”, explicou o meteorologista César Soares, da Climatempo.
O fenômeno climático provocou transtornos em cascata na cidade. Mais de 300 voos foram cancelados nos aeroportos de Congonhas e Guarulhos entre quarta e ontem (11), e 1,262 milhão de imóveis ainda seguiam sem energia.
“Pelo que a gente analisou, as rajadas de vento de 96 km por hora no aeroporto de Congonhas, e também de 98 km por hora na região da Lapa, são os maiores registros que nós temos”, complementou o especialista.
O abastecimento de água também foi afetado, de acordo com a Sabesp. Nem o boneco do Papai Noel que decorava a avenida Paulista resistiu: após ser tombado pelo vento, a prefeitura decidiu esvaziar o inflável por questões de segurança. Os parques estaduais e municipais ficaram fechados e foram reabertos somente na tarde de ontem.
O vendaval se formou sob influência de um ciclone extratropical formado no sul do País. De acordo com informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), nos próximos dias, o fenômeno irá se deslocar em direção ao Oceano Atlântico, permitindo a chegada de ventos menos intensos, predomínio de sol e elevação das temperaturas em São Paulo.
O ciclone extratropical se forma a partir do encontro entre uma massa de ar quente e uma massa de ar frio em latitudes mais elevadas — um processo contínuo que, normalmente, ajuda a regular a temperatura do planeta. Por isso, os ciclones são muito frequentes. Porém, na maior parte das vezes, eles ocorrem sobre o mar e não são muito fortes e, por isso, passam despercebidos.
Com o aquecimento global, o aumento geral da temperatura e da umidade vem tornando os fenômenos mais intensos, como o visto nos últimos dias em São Paulo.
Além da falta de energia, o abastecimento de água também segue prejudicado na capital e Grande SP. Segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), sem eletricidade não é possível bombear água para as casas.
A falta de energia afetou o bombeamento de água em vários bairros da capital e em Guarulhos, Mauá e Itapecerica da Serra. Algumas áreas já tiveram a energia restabelecida, mas o abastecimento é retomado de forma lenta porque o sistema precisa ser reabastecido gradualmente, segundo a companhia.
Os aeroportos de Congonhas e Guarulhos ainda estavam ontem com as operações afetadas, com voos cancelados. (Estadão Conteúdo)