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Queda de braço

Brasil deve cobrar 50% caso Trump cumpra tarifaço

Lula disse que manterá diálogo aberto e avalia recorrer à Organização Mundial do Comércio

10 de Julho de 2025 às 22:09
Cruzeiro do Sul [email protected]
Presidente dos Estados Unidos mandou carta a Lula na quarta, criticando o julgamento de Jair Bolsonaro
Presidente dos Estados Unidos mandou carta a Lula na quarta, criticando o julgamento de Jair Bolsonaro (Crédito: EVARISTO SÁ e ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / ARQUIVO AFP)

Em entrevista ao Jornal da Record, da TV Record, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que vai cobrar 50% em tarifas dos Estados Unidos caso o presidente Donald Trump cumpra o anúncio de tarifar os produtos brasileiros. A tarifa de 50% está prevista para vigorar a partir de 1º de agosto.

Além da reciprocidade, o presidente disse que avalia recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) e propor investigações internacionais. Lula também sinalizou que manterá o diálogo aberto, e disse que o Brasil é um país onde tudo se resolve “na conversa”.

“Temos vários caminhos. Podemos recorrer à OMC, propor investigações internacionais, cobrar explicações. Mas o principal é a Lei da Reciprocidade, aprovada no Congresso. Se ele cobrar 50% da gente, a gente vai cobrar 50% dele”, disse Lula.

O presidente brasileiro classificou a carta enviada por Trump como “absurda” e disse que não é costume enviar recados, por redes sociais, para chefes de Estado. O presidente também endossou que cabe ao Legislativo e ao Judiciário brasileiro estabelecer e cumprir leis.

O presidente brasileiro afirmou, também, que deve criar um comitê de emergência com empresários que terá atuação diária e focada em repensar a política comercial com os Estados Unidos. O presidente destacou que a alegação de Trump de que os americanos têm déficit comercial é falsa.

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) defendeu em nota que a soberania do Brasil é inegociável, apesar do impacto que a tarifa de 50% terá sobre as exportações brasileiras. “Entendemos que a soberania nacional é inegociável. Este é um princípio balizador”, afirma a entidade em nota assinada por seu presidente, Josué Gomes da Silva.

Na quarta-feira (9), Trump anunciou as tarifas sobre produtos brasileiros, criticando duramente o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que o republicano classificou como uma “caça às bruxas”. Em carta endereçada a Lula, Trump condenou o tratamento dado a Bolsonaro como uma “vergonha internacional”, acrescentando que o julgamento “não deveria estar acontecendo”. Ele também afirmou que Washington lançaria uma investigação sobre as práticas comerciais do Brasil.

Bolsonaro nega ter participado de uma tentativa de retomar o poder de Lula em um suposto plano de golpe que, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), só fracassou por falta de apoio do alto comando militar.

Brasileiros invadiram ontem o perfil de Trump no Instagram, para criticar as novas tarifas de 50%. Mensagens como “Brasil soberano”, “o Brasil é dos brasileiros” e “deixe o Brasil em paz” eram frequentes em ao menos dez postagens. Em menor número, comentários também apoiavam as decisões do presidente norte-americano. Após a enxurrada de mensagens, Trump restringiu os comentários das publicações apenas para os seus seguidores.

Almoço

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), se encontrou ontem com Jair Bolsonaro para um almoço num restaurante em Brasília. Tarcísio publicou um vídeo ao lado do ex-presidente na rede social X.

“Lula colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado”, disse o governador, também por meio do X na quarta-feira, ressaltando a necessidade de os dois países buscarem a negociação.

Ontem, em agenda pela manhã, após receber críticas, Tarcísio ponderou que o Brasil precisa “deixar de lado as questões ideológicas, o revanchismo e as narrativas” e repetiu que é importante negociar com os Estados Unidos. (Da Redação, com informações de Estadão Conteúdo)