Política Públicas
‘Esvaziamento’ da Cracolândia, na capital, chama a atenção
Operações policiais e ações do governo estadual seriam os motivos
O chamado “fluxo” da Cracolândia, local onde por décadas ocorreu a venda e o consumo de drogas, no centro de São Paulo, tem ficado completamente vazio desde o início desta semana.
Nos últimos anos, os dependentes químicos estavam concentrados na rua dos Protestantes. Mas o que ocorreu e para onde eles migraram? O esvaziamento do local surpreendeu não apenas moradores da região e comerciantes, mas a própria gestão municipal, que também não tem respostas claras.
“Nós ainda estamos tentando entender. Não dá para dizer que está resolvido. Podemos associar algumas questões a essa situação”, disse o prefeito Ricardo Nunes na terça-feira (13).
O Estadão acompanhou a movimentação em diferentes vias da região de Santa Ifigênia na terça. A única em que havia uma quantidade mais elevada de usuários de drogas — cerca de 20 em movimentação — era a rua General Osório, quase no encontro com a rua do Triunfo.
Entre os fatores que contribuíram para o esvaziamento da Cracolândia, na visão do prefeito, estão as ações do governo do Estado e da Prefeitura para enfraquecer o tráfico de drogas na Favela do Moinho.
Alguns comerciantes levantaram a hipótese de ser uma ordem do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção que comanda o tráfico por ali, mas por enquanto não há confirmação oficial disso.
Entidades e ONGs que atuam na região apontam que a política de dispersão dos usuários de drogas se tornou mais violenta nos últimos meses. “A partir do momento que sufocaram as estratégias de sobrevivência e aumentaram o nível de violência, eles (poder municipal) conseguiram fazer com que as pessoas deixassem a região”, afirma Giordano Magri, pesquisador do Centro de Estudos da Metrópole. “A questão agora é onde esse espalhamento vai reverberar”, complementa. (Estadão Conteúdo)