Brasil
Lava Jato faz dez anos e Deltan vai ao tríplex do Guarujá
Deltan citou o presidente e disse que o tríplex não "rendeu nada" para o petista
omando como gancho o aniversário da Operação Lava Jato, que completa dez anos em março, o ex-deputado e ex-procurador Deltan Dallagnol foi até a frente do tríplex do Guarujá -- pivô da primeira condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato, anulada -- para criticar o petista e a o Supremo Tribunal Federal.
Na frente do prédio Edifício Solaris, que abriga o tríplex no 16º andar, Deltan disse que a Lava Jato “colocou medo em políticos corruptos pela primeira vez na história”, mas que hoje “eles não tem mais medo de serem presos porque o STF decidiu abraçar a impunidade que impera no País”.
As declarações constam de uma gravação divulgada por Deltan no Twitter. “Lula diz que foi condenado sem provas. O tríplex escancara o contrário. Lugar de corrupto é na cadeia, não na presidência. Concorda?”, escreveu o ex-procurador ao compartilhar o vídeo.
Deltan fez a filmagem ao lado de Guiherme Kilter, que se identifica nas redes sociais como “empresário no marketing político”. Logo após o ex-deputado se pronunciar, Kilter se dirige a Lula como ex-presidiário: “Você sempre diz que foi condenado sem provas, mas essa aqui atrás de nós é a maior prova de todas. A não ser que você conheça qualquer outra casa reformada pela OAS, uma empreiteira que faz pontes e estádios, mas que para você fez uma reforma de cozinha”.
No vídeo, o ex-chefe da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba diz que o tríplex do Guarujá lhe “custou mais de R$ 100 mil em multa por ele fazer seu trabalho”. A indicação diz respeito à condenação do ex-procurador ao pagamento de indenização de R$ 75 mil por causa do powerpoint usado na coletiva em que foi divulgada a denúncia contra Lula no caso do tríplex. O dinheiro para o pagamento da multa não saiu do bolso do ex-procurador -- Deltan recebeu doações Pix que o ajudaram a quitar a dívida.
Prisão
Em seguida, Deltan citou o presidente e disse que o tríplex não “rendeu nada” para o petista. A condenação de Lula no caso do tríplex levou a sua prisão por 580 dias. O ex-procurador sustenta que houve “condenação por corrupção e lavagem de dinheiro, em três instâncias, mas o STF anulou”.
O caso do tríplex resultou na primeira condenação de Lula na Operação Lava Jato, imposta pelo então juiz Sergio Moro. Um ano e sete meses depois de sua prisão, Lula foi libertado não em razão da anulação do processo, mas após o Supremo Tribunal Federal derrubar a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância. A Corte entendeu que a decretação da prisão só pode ocorrer após o trânsito em julgado de um processo, ou seja, após se esgotarem todos os recursos possíveis contra a sentença condenatória.
Em 2021, a Corte máxima declarou a suspeição do ex-juiz Sergio Moro para atuar nos processos do ex-presidente, sob o entendimento de que a parcialidade do ex-magistrado contaminou a ação penal. Tal reconhecimento implicou na derrubada das decisões dadas por Moro nas ações contra Lula, o que levou os processos à estaca zero. Depois, os casos foram arquivados em razão do reconhecimento da prescrição das imputações. (Estadão Conteúdo)