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Após fuga, governo vai erguer muralhas em presídios federais

Modernização do sistema de câmeras é outra medida anunciada

15 de Fevereiro de 2024 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Penitenciária de Mossoró é cercada apenas por alambrado
Penitenciária de Mossoró é cercada apenas por alambrado (Crédito: DEPEN / DIVULGAÇÃO)

 

O governo federal vai construir muralhas de proteção em todos os presídios federais, na tentativa de evitar novas fugas de detentos. A medida foi anunciada ontem (15) pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, como resposta à fuga de dois criminosos do presídio federal de Mossoró. Na madrugada de quarta (14), Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento escaparam da penitenciária escalando a luminária de suas celas até o teto da cadeia. Depois, chegaram ao pátio, onde ocorre uma obra, e pegaram um alicate com o qual cortaram o alambrado da penitenciária e fugiram.

Atualmente, das cinco cadeias federais, só a penitenciária de Brasília tem uma muralha de proteção. O ministro anunciou que as estruturas serão construídas nos outros quatro presídios federais -- Catanduvas (PR), Campo Grande (MS), Porto Velho (RO) e Mossoró (RN) -- com recursos do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen). Além das muralhas, Lewandowski anunciou a modernização do sistema de câmeras dos presídios e controle de acesso às unidades com sistema de reconhecimento facial de presos, visitantes e advogados.

Anunciou ainda reforço no efetivo de policiais penais. Serão convocados 80 agentes já aprovados em concurso para incrementar a segurança do sistema prisional federal. O governo ainda pretende ampliar o sistema de alarme e sensores das penitenciárias. “Desde as primeiras horas do acontecimento estamos ativos, empregando todos nossos recursos para recapturar os fugitivos, apurar as responsabilidades e prevenir a repetição de um episódio como esse”, disse.

Primeira fuga

Foi a primeira vez que presos conseguiram escapar de um presídio federal, modelo criado em 2006. O fato fez com que o Ministério da Justiça e Segurança Pública afastasse a direção da penitenciária e escolhesse um interventor para chefiar a unidade, o policial penal federal Carlos Luis Vieira Pires. Ele atuava como coordenador-geral de Classificação e Remoção de Presos em Brasília e já foi diretor da Penitenciária Federal de Catanduvas (PR).

O episódio causou incômodo no governo, que recentemente trocou o comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Após a saída do ministro Flávio Dino para assumir uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski assumiu o comando da pasta. Ele fez trocas em alguns cargos, inclusive na Secretaria Nacional de Políticas Penais, que passou a ser chefiada por André Garcia.

Facilidades

Conforme o ministro, os fugitivos encontraram uma série de facilidades que tornaram a escapada possível. Parte das câmeras não estava funcionando adequadamente e algumas luzes estavam apagadas no momento da fuga.

Ainda segundo Lewandowski, Mendonça e Nascimento escalaram a luminária, chegaram ao teto e acessaram o local onde é realizada uma obra, onde pegaram ferramentas. Como o local da reforma só estava protegido por um tapume de metal, os detentos encontraram uma brecha, saíram e cortaram o alambrado de proteção com um alicate recolhido na obra.

“A fuga ocorreu de terça para Quarta-Feira de Cinzas, onde, eventualmente, as pessoas estavam mais relaxadas”, afirmou o ministro. (Estadão Conteúdo)