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Castro tem sigilo quebrado e irmão investigado pela PF
Trata-se do 7º governador do Rio averiguado por corrupção
Alvo de uma investigação pela suposta participação em um esquema de corrupção no Rio de Janeiro, o governador Cláudio Castro (PL) teve os sigilos telemático, fiscal e bancário quebrados por autorização do ministro Raul Araújo, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no inquérito que apura desvios de recursos e fraude em licitação em contratos sociais entre 2017 e 2020. Com um histórico de governantes presos e acossados pela Justiça, quase todos os chefes do Executivo estadual eleitos diretamente no Rio desde o fim da ditadura militar foram alvos de investigações, sobretudo, por corrupção -- a maioria com passagens pela cadeia.
A decisão sobre a quebra dos sigilos de Castro foi determinada no âmbito da Operação Sétimo Mandamento, deflagrada ontem (20). Um irmão do governador sofreu buscas da Polícia Federal (PF). Vinícius Sarciá Rocha é presidente do conselho de administração da Agência Estadual de Fomento (Agerio). O governador não foi alvo de buscas.
A PF investiga desvios na execução dos projetos Novo Olhar, Rio Cidadão, Agente Social e Qualimóvel entre os anos 2017 e 2020 -- antes, portanto, de Cláudio Castro assumir o governo após a cassação do ex-governador Wilson Witzel.
A investigação aponta fraudes a licitações e contratos administrativos de assistência social. A PF afirma que, além de desviar recursos públicos, os investigados teriam direcionado serviços indevidamente a redutos eleitorais do grupo político do governador.
O governador diz que a operação deflagrada nesta quarta-feira “não traz nenhum novo elemento à investigação que já transcorre desde 2019”.
“Só o fato de haver medidas cautelares, quatro anos depois, reforça o que o governador Cláudio Castro vem dizendo há anos, ou seja, que não há nada contra ele, nenhuma prova, e que tudo se resume a uma delação criminosa, de um réu confesso, a qual vem sendo contestada judicialmente. Por fim, o governador reitera a confiança plena na justiça brasileira”, diz a nota.
Ex-governadores
Castro se junta à lista de ex-governadores do Rio de Janeiro investigados por suspeitas de corrupção. Entre os governadores eleitos, só Leonel Brizola (PDT, 1983-1987 e 1991-1994) e Marcello Alencar (PSDB, 1995-1998), já mortos, não integram a lista de investigados por corrupção.
Outros três, Nilo Batista (PDT, 1994), Benedita da Silva (PT, 2002) e Francisco Dornelles (PP, 2018) -- vices que assumiram temporariamente o cargo --, também estão fora da relação dos ex-chefes do Executivo que foram presos.
Antes de ser eleito, Castro foi vice de Wilson Witzel, acusado de corrupção na Saúde durante a pandemia. Foi afastado e teve o impeachment confirmado em abril de 2021.
Sérgio Cabral Filho (2007-2014) foi preso em 2016, na Operação Calicute, que abriu a crise política no Rio. O sucessor de Cabral, Luiz Fernando Pezão (2015-2018), também foi processado e preso -- posteriormente solto, após meses em um quartel da Polícia Militar.
Rosinha Garotinho (PSB e PMDB, 2003-2006) e Anthony Garotinho (PDT e PSB, 1999-2002) também conheceram a cadeia, por corrupção eleitoral e arrecadação ilegal de fundos de campanha.
Wellington Moreira Franco (PMDB, 1987-1991), ficou menos de uma semana na cadeia, em março de 2019, depois que o MPF o denunciou por corrupção. (Estadão Conteúdo)