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Acordo

Professores da USP encerram paralisação após carta de compromisso

No documento, a reitoria da instituição se compromete a adotar medidas para atender às reivindicações dos estudantes

11 de Outubro de 2023 às 12:51
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Professores da USP decidiram sair da paralisação que vem suspendendo as atividades acadêmicas da instituição há três semanas
Professores da USP decidiram sair da paralisação que vem suspendendo as atividades acadêmicas da instituição há três semanas (Crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Os professores da Universidade de São Paulo (USP) votaram na noite desta terça-feira (10) para sair da paralisação que vem suspendendo as atividades acadêmicas da instituição há três semanas. A decisão foi tomada em assembleia geral, horas depois de a reitoria da USP publicar uma carta com compromissos que serão adotados para atender às reivindicações dos estudantes, que continuam em greve desde o último dia 20.

Em carta à reitoria publicado depois da assembleia, os professores, por meio da Associação dos Docentes da USP (Adusp), reconhecem que as negociações com a reitoria "promoveram avanços", como o anúncio da contratação de mais docentes - uma das principais pautas do movimento estudantil -, a garantia de que a USP não vai fechar nenhum curso por falta de profissionais, e, também, a promessa de que nenhum dos grevistas sofrerá represálias em virtude dos protestos.

No entanto, os professores identificaram também que, "mesmo com os reconhecidos avanços, ainda há aspectos que podem comprometer a solução de problemas relacionados à falta de docentes", afirmaram na carta.

Entre os aspectos elencados pelos professores estão: a admissão automática de profissionais para preencher as vagas de docentes aposentados, exonerados e falecidos, e que em processos seletivos também sejam reservadas vagas de docência para pessoas pretas, pardas e indígenas, além de respeitarem a paridade de gêneros e a inclusão de pessoas trans.

Eles declaram ainda apoiar a greve dos estudantes, e defendem que mobilizações devem continuar, como um "envio de carta à Reitoria contendo balanço dos avanços obtidos pelo movimento estudantil, apontando a persistência de problemas que devem ser sanados e instando a Reitoria a receber a Adusp".

Mesmo com a saída dos docentes da greve, os estudantes permanecem mobilizados e terão uma assembleia geral nesta quarta-feira (11), para definir se continuam paralisados ou não.

Na tarde desta terça (10), o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, fez um pronunciamento para apresentar a lista de 24 compromissos que a reitoria vai assumir em resposta às demandas que foram levantadas pelos estudantes durante a greve. Entre eles estão a contratação de 1.027 novos professores e o aumento no número de bolsas disponíveis para ajudar na permanência de estudantes de baixa renda na universidade.

Segundo ele, as 1.027 novas vagas para professores "representam o maior programa de contratação já realizado numa universidade brasileira" e a ampliação das bolsas mostra a "boa vontade" da reitoria em negociar. "Então, vamos voltar às aulas, às pesquisas e às nossas rotinas, é isso que a sociedade espera de nós", pediu Carlotti. "No nosso brasão está escrito: com a ciência, vencerá. Com a ciência, o conhecimento e o diálogo, a USP vencerá."

Pedro Chiquitti, estudante de História e diretor do Diretório Central Estudantil da USP (DCE), disse que, embora o documento represente uma "vitória concreta" da greve dos alunos, os compromissos da reitoria ainda estão distantes do almejado pelos manifestantes.

"Uma demanda que a gente tinha era o aumento do valor do auxílio permanência, que é de R$ 800, e o fim do teto de bolsas. A reitoria se baliza na distribuição das bolsas que ela mesma definiu e não de acordo com a necessidade dos estudantes. A gente queria o fim desse teto para que todo estudante que precisasse desse auxílio pudesse recebê-lo e não ficasse refém desse teto", disse Chiquitti, que considerou as 1.027 contratações de professores um número "enxuto".

A greve foi aprovada na FFLCH em 20 de setembro e ganhou a adesão de outras faculdades com o passar dos dias, inclusive de unidades como a Escola Politécnica (Poli-USP) e Faculdade de Medicina.

Os alunos ocuparam os prédios das faculdades e passaram a controlar o acesso desses espaços por meio de piquetes com a intenção de impedir que professores e alunos contrários ao movimento realizassem as aulas normalmente. Estudantes e docentes que não apoiam a greve relataram que sofreram ameaças em virtude do posicionamento divergente dos manifestantes. (Estadão Conteúdo)