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Ciclone mata 4 no RS; SP tem dias de verão e inverno na mesma semana
Nesta terça-feira (5), o ciclone se afasta para o oceano e a frente fria avança em direção ao Sudeste, causando um "sobe e desce" na temperatura
O Rio Grande do Sul enfrentou mais uma vez forte chuva e ventania por causa de um ciclone extratropical. De acordo com a Defesa Civil do Estado, quatro pessoas morreram e mais de 100 ficaram desalojadas entre a madrugada e o fim da manhã desta segunda-feira (4). Nesta terça-feira (5), o ciclone se afasta para o oceano e a frente fria avança em direção ao Sudeste, causando um "sobe e desce" na temperatura da capital paulista durante toda a semana - que terá dias típicos de inverno, misturados a outros característicos do verão.
No Sul, muitas casas sofreram danos por causa da ventania, da chuva forte e da queda de granizo. Além disso, há muitos pontos de alagamento. Os principais municípios gaúchos atingidos são os do norte do Estado e da Serra Gaúcha. Em Mato Castelhano, uma pessoa morreu ao tentar atravessar um rio com uma caminhonete e ser levada pela correnteza. Em Ibiraiaras, outras duas morreram após ficarem presas dentro de um veículo e serem levadas pela água. Elas também estavam tentando atravessar um rio, segundo a Defesa Civil. E um homem morreu em Passo Fundo após sofrer choque elétrico.
Granizo e inundações
O granizo que caiu em Passo Fundo ainda danificou o telhado de ao menos 20 residências e foram relatadas 3 quedas de árvores e 12 pontos de alagamento. A prefeitura fazia ontem a desobstrução de bueiros para que a água pudesse escoar com mais facilidade. Em Nova Bassano, 35 residências foram danificadas devido à inundação do Rio Sabiá e ao alagamento de várias ruas da cidade. Há 90 desalojados na cidade que estão sendo auxiliados pela Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil.
Ainda em Nova Bassano, entre o município e a cidade vizinha, Serafina Corrêa, o Rio Carreiro invadiu uma ponte e um camping ficou embaixo d'água. Segundo a empresa de meteorologia MetSul, o volume de chuva superou os 250 milímetros. Em Sarandi, a tempestade com granizo danificou 150 residências. Em Santa Maria, o trânsito precisou ser interrompido em diversos pontos das áreas urbana e rural. Além disso, há residências e muros danificados por quedas de árvores e alagamentos. A rede pluvial da cidade está "em colapso", afirmou a Defesa Civil estadual.
E a previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) para as próximas duas semanas, que fecham o inverno, é de ainda mais chuva no Sul. Na quinta-feira, um novo sistema frontal (frente fria) vai provocar grandes volumes de chuva em grande parte do centro-sul da região. Os acumulados podem ultrapassar 80 mm em áreas do sul do Paraná e de Santa Catarina e 150 mm em grande parte do Rio Grande do Sul. Na próxima semana, a previsão ainda é de acumulados significativos de chuva, superiores a 90 mm no centro e leste do Rio Grande do Sul e sul de Santa Catarina.
Os ciclones vêm trazendo mortes ao Estado durante toda a estação de frio. Por estar entre a linha do Equador, região mais quente do planeta, e o Polo Sul, mais fria, o Brasil se encontra em uma faixa de "nascimentos de ciclones", explicou em julho o meteorologista Estael Sias, da MetSul. "Estamos expostos a essas grandes variações de temperatura, e esse contraste térmico é que forma os ciclones extratropicais", diz. "Faz parte da nossa climatologia a ocorrência de fenômenos com essa características."
A região entre o norte da Argentina, Uruguai e sul do Brasil, especificamente, é uma "área baroclínica", ou seja, um lugar com características de instabilidade climática por ter um centro de baixa pressão atmosférica próximo à superfície. A interação da baixa pressão com o comportamento dos ventos nas camadas média e alta da atmosfera dá origem a estes ciclones. Os especialistas dizem, porém, que não é possível afirmar que esses fenômenos estão ocorrendo com mais frequência ou mais potência e que seriam necessários mais estudos a respeito.
Sudeste
Enquanto isso, o Sudeste vive um "elevador" de temperaturas nos últimos dias, com máximas variando entre 18 e 33°C. O que deve continuar nesta semana. Hoje, a frente fria que se aproxima do Estado ainda deve trazer ventos fortes, chegando a mais de 100 km/h, para as regiões oeste, norte e sul de São Paulo - com efeitos se estendendo ainda até o Mato Grosso do Sul.
A capital paulista, que começou a semana com calor de até 33ºC na região metropolitana, terá taxas de umidade do ar variando entre 31% e 90% nas próximas horas. Segundo a meteoblue, hoje a máxima deve cair para 25ºC, quando a chuva voltar a atingir o Município. Segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE) da Prefeitura de São Paulo, há risco para a formação de alagamentos e escorregamentos de terra elevado, em função da continuidade das precipitações nas próximas 48 horas.
Nesta quarta, 6, as temperaturas ficam ainda mais baixas, variando entre 14ºC e 18ºC. Na quinta-feira, feriado da Independência do Brasil, a máxima será de 24ºC. Já na sexta-feira, os termômetros voltam a subir, podendo a máxima atingir 29ºC - e passando dos 30ºC novamente no fim da semana. Para a semana que antecede a do fim do inverno, há previsão de chuva pontual ou pequenos volumes (inferiores a 30 mm), principalmente, em áreas do oeste de Mato Grosso e entre Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal. Segundo o Inmet, não estão descartados dias ensolarados e de altas temperaturas em grande parte das regiões. (Estadão Conteúdo)