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Suspeito de desvio, Juscelino Filho tem bens bloqueados
Operação deflagrada ontem (1º) pela Polícia Federal, que apura suspeitas de fraude em licitações, lavagem de dinheiro e desvio de verbas federais da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) atingiu o ministro das Comunicações, Juscelino Filho. Ele teve bens bloqueados por determinação do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal. Diante de indícios de irregularidades no repasse de dinheiro de emendas parlamentares, a PF havia solicitado buscas em endereços de Juscelino, mas Barroso negou o pedido.
A terceira fase da Operação Benesse foi baseada em reportagens do Estadão. Em janeiro, o jornal mostrou que Juscelino direcionou R$ 5 milhões do orçamento secreto para a prefeitura de Vitorino Freire (MA) asfaltar uma estrada que passa em frente a fazendas da própria família e onde o ministro construiu um heliponto e uma pista de pouso particular. A pedido do então deputado do União Brasil, os recursos foram parar na prefeitura comandada por sua irmã, Luanna Rezende. Alvo de buscas e apreensão ontem, Luanna foi afastada do cargo.
A empresa Construservice, contratada pelo município para tocar a obra, é de Eduardo José Barros Costa, amigo de Juscelino. A PF fez buscas em dois endereços da empresa. Julimar Alves da Silva Filho, ex-gerente da Codevasf que assinou o parecer autorizando o valor orçado para a pavimentação, foi indicado para o órgão pelo grupo político do ministro das Comunicações do governo Lula.
Ainda em janeiro, o Estadão revelou que Silva Filho havia sido afastado do cargo sob suspeita de receber propina da Construservice, investigada por fraudar licitações no Maranhão, mas continuava recebendo salário. O engenheiro foi demitido em agosto -- ele era titular da Gerência Regional de Empreendimentos no Estado.